Lula (PT) declarou que pediu ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que mantenha um diálogo com o Brasil “sem preconceito”. A afirmação foi feita após o republicano, crítico do governo brasileiro, ser nomeado pelo presidente Donald Trump para conduzir as negociações referentes à tarifa de 50% imposta sobre produtos brasileiros.
Durante entrevista ao Grupo Mirante, no Maranhão, Lula afirmou ter feito o pedido diretamente a Trump, em uma conversa telefônica entre ambos. “Eu pedi para ele [Trump] dizer ao Marco Rubio para conversar com o Brasil sem preconceito, porque pelas entrevistas que ele deu há um certo desconhecimento sobre o país”, disse o presidente.
O deputado federal exilado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) elogiou a escolha de Rubio para liderar as tratativas comerciais. “Não complica o Brasil, nos ajuda! O secretário Rubio conhece bem a América Latina. Sabe muito bem como funcionam os regimes totalitários de esquerda na região. Sabe como o Judiciário foi instrumentalizado como ferramenta de perseguição política. Ele não cairá nesse papo furado do regime, de independência de um judiciário aparelhado. A escolha do presidente Donald Trump só complica o regime de exceção. Golaço!”, escreveu em sua conta na plataforma X.
Do lado brasileiro, a negociação está sob responsabilidade do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin, do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A expectativa é que Rubio se reúna inicialmente com autoridades norte-americanas e, posteriormente, entre em contato com representantes do governo brasileiro.
Lula acrescentou que, apesar da presença de mediadores, pretende manter comunicação direta com o presidente norte-americano. “Se for uma coisa que precisar envolver mais gente, eu vou envolver, porque não sou eu que faço as negociações. Mas quando eu tiver um assunto político grave e eu tiver que tratar com o presidente Trump e ele comigo, a gente não vai precisar ficar esperando que a burocracia, que a liturgia, marque uma data. Não. A gente pega o telefone, liga um para o outro e coloca o assunto na mesa”, declarou.
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi anunciada em agosto e entrou em vigor no dia 06 daquele mês. Em carta enviada ao governo brasileiro, Trump justificou a medida como uma tentativa de “corrigir as graves injustiças do sistema comercial” e associou o aumento das taxas ao que classificou como “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e “ataques à liberdade de expressão”.
O governo brasileiro reagiu de forma crítica, afirmando que a justificativa apresentada por Washington é “falsa”. Lula reforçou que “é falsa a informação sobre o alegado déficit norte-americano” e destacou que o “Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. Em resposta, o Planalto avaliou a possibilidade de adotar medidas de retaliação com base na Lei da Reciprocidade Econômica.
Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, a decisão dos Estados Unidos afeta 35,9% das mercadorias exportadas ao país, correspondendo a cerca de 4% das exportações brasileiras. Para mitigar os prejuízos, o governo anunciou um plano de contingência com uma linha de crédito de R$ 30 bilhões voltada a produtores atingidos e o início de tratativas com novos parceiros comerciais.
Quem é Marco Rubio?
Marco Rubio, de origem cubana, é reconhecido por suas posições conservadoras e por seu interesse na política latino-americana. O político aproximou-se da família Bolsonaro em 2018, quando conheceu o então deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em uma visita aos Estados Unidos. Em 2020, reuniu-se com o então presidente Jair Bolsonaro e elogiou o que chamou de “nova era da política brasileira”.
Desde que assumiu o cargo de secretário de Estado, Rubio tem feito críticas recorrentes ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente após a condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. À época, o republicano classificou a atuação da Corte como uma “caça às bruxas”.
Nascido em Miami, em 1971, Rubio é filho de imigrantes cubanos. Formado em Ciências Políticas pela Universidade da Flórida, iniciou sua carreira como deputado estadual e foi eleito senador em 2010, permanecendo no cargo até 2025. Entre 2015 e 2016, disputou as primárias republicanas contra Donald Trump, recebendo o apelido de “Little Marco”, mas posteriormente tornou-se um dos aliados mais próximos do ex-presidente.
Atualmente, Marco Rubio ocupa o posto de secretário de Estado dos Estados Unidos, um dos cargos de maior influência no governo norte-americano. Cabe a ele conduzir uma das negociações diplomáticas mais sensíveis entre Washington e Brasília dos últimos anos.
Não complica o Brasil, nos ajuda! O Secretário Rubio @SecRubio conhece bem a América Latina. Sabe muito bem como funciona os regimes totalitários de esquerda na região.
Sabe como o Judiciário foi instrumentalizado como ferramenta de perseguição política. Ele não cairá nesse papo… pic.twitter.com/JhEVAAcvhv
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) October 6, 2025