Dois novos relatos de agressão sexual contra o cantor Michael Tait, 58 anos, ampliaram para oito o número de homens que o acusam publicamente de condutas abusivas. As alegações foram divulgadas em 23 de julho em uma nova reportagem do The Guardian. Tait, que integrou os grupos DC Talk e Newsboys, enfrenta acusações que remontam à década de 1990.
Jason Jones, fundador da banda Evanescence, afirmou ter sido drogado e agredido sexualmente por Tait em 1998, em Nashville. “Isso me destruiu”, declarou Jones. “Eu estava realizando meus sonhos ainda jovem, e Tait mudou tudo”. Segundo o músico, o suposto abuso levou à sua saída precoce da banda, antes do sucesso comercial do grupo.
Jones relatou que confidenciou o ocorrido ao cofundador do Evanescence, Ben Moody, no ano seguinte. Moody, por sua vez, alegou não ter compreendido a gravidade da denúncia na época. “Ele não descreveu como ‘agressão sexual’. Ele descreveu como algo parecido com um garoto de fraternidade fazendo piadas enquanto estava bêbado”, disse Moody.
Apesar disso, Jones sustenta que descreveu os detalhes do que chamou de agressão e afirmou acreditar que Tait o havia drogado. “Acredito que Michael Tait me drogou”, disse ele.
Michael Tait reconheceu em junho, por meio de uma publicação no Instagram, que enfrentou por décadas um vício em drogas e álcool. Na mensagem, também admitiu ter “às vezes tocado homens de forma indesejada e sensual”. Na ocasião, informou ter completado um tratamento de seis semanas em uma clínica no estado de Utah. Em janeiro, desligou-se do Newsboys, afirmando nas redes sociais que a decisão foi “um choque até para mim”, mencionando oração e jejum como parte do processo.
Além de Jones, outro homem, Randall Crawford, também apresentou um relato público de agressão. Compositor e músico que colaborou com integrantes do DC Talk, Crawford afirmou ter sido drogado por Tait em 2000 após tomar uma dose de uísque. “Isso arruinou minha carreira”, declarou. Segundo ele, o trauma resultou em depressão, bloqueio criativo e medo de palco.
Crawford contou ter compartilhado os detalhes da agressão com amigos na época, embora só tenha mencionado o nome de Tait anos depois. Ambos — Crawford e Jones — afirmaram ter continuado em contato com Tait por algum tempo após os incidentes, sentindo-se manipulados e “bombardeados de amor”, o que os fez questionar a veracidade de suas próprias memórias.
Em 2020, Crawford iniciou terapia após um reencontro com Tait, que se ofereceu para produzir um álbum de sua esposa: “Eu havia enterrado a memória daquela noite por muito tempo”, disse Crawford, que afirma ter buscado tratamento após esse contato.
Jones, sóbrio desde 2008, atua como palestrante sobre dependência química e abuso. Ele relatou ter consultado advogados no passado sobre eventuais perdas financeiras relacionadas à sua saída do Evanescence, mas foi informado de que o prazo legal havia expirado. A banda alcançou projeção mundial em 2003, com múltiplos prêmios Grammy. Moody também deixou o grupo pouco depois e chegou a colaborar com Tait em projetos posteriores.
Além das denúncias de Jones e Crawford, outras seis acusações públicas contra Tait foram publicadas anteriormente pelo The Guardian e pelo portal The Roys Report. Uma mulher também acusou Tait de ter fornecido uma substância entorpecente a um integrante da equipe que, segundo ela, a estuprou durante uma turnê da banda.
As denúncias provocaram reações na indústria da música cristã contemporânea. John Cooper, vocalista da banda Skillet e membro do conselho da Ascent Church, em Nashville, afirmou: “Não estamos condenando as pessoas. Estamos condenando as ações das pessoas. De corpo e alma, sem pedir desculpas, não recuamos”.
Cooper alertou para o impacto das denúncias no testemunho da comunidade cristã: “Nosso testemunho ao mundo está em jogo”. O músico enfatizou a importância de priorizar os sobreviventes. “Não podemos ignorar esse nível de suposta injustiça. Não podemos fazer isso!”
O cantor também questionou a coerência das figuras públicas cristãs envolvidas em escândalos: “Que tipo de Evangelho estamos mostrando ao mundo quando… nossos maiores, mais apaixonados e mais famosos ícones da música cristã… dizem: ‘Tenho vivido uma vida dupla desde o começo?’”
Até o momento, Michael Tait não comentou publicamente sobre as novas denúncias divulgadas nesta semana, de acordo com o The Christian Post.