Tribunais russos proibiram mais três igrejas batistas afiliadas ao Conselho de Igrejas Batistas na região de Krasnodar, no sul da Rússia, em meio a uma repressão crescente contra congregações não registradas em diversas partes do país.
As igrejas localizadas em Timashyovsk, Armavir e Tuapse foram impedidas de realizar cultos e demais atividades religiosas, a menos que notifiquem formalmente as autoridades, algo que a denominação se recusa a fazer por princípio.
O Conselho de Igrejas Batistas, fundado durante a era soviética, sustenta que o registro religioso representa interferência e controle estatal sobre a fé, contrariando a Constituição e as leis russas.
Em 13 de outubro, o Tribunal Distrital de Timashyovsk decidiu pela proibição das atividades da igreja local após uma inspeção realizada em junho, quando funcionários do governo entraram no templo durante um culto e questionaram o pastor Andrey Antonyuk sobre a situação legal da congregação. A ação civil foi movida em julho pelo promotor local, que exigiu a suspensão das atividades até que a igreja apresentasse a notificação de funcionamento. Segundo o Departamento de Intercessão do Conselho, a decisão não apontou violações graves ou reincidentes que justificassem a medida.
Situação semelhante ocorreu em Armavir, onde o tribunal municipal atendeu, em 30 de setembro, a um pedido do Ministério Público alegando que o pastor Vladimir Popov liderava cultos religiosos sem a devida autorização estatal e que a congregação configurava uma associação religiosa não registrada. O tribunal citou multas anteriores aplicadas ao pastor por conduzir cultos e a outro membro da igreja por distribuir jornais religiosos, utilizando esses episódios como base para a decisão.
Já em 22 de setembro, o Tribunal da cidade de Tuapse determinou a proibição das atividades da congregação batista local após um relatório do Serviço Federal de Segurança (FSB) alegar que o grupo realizava eventos religiosos com menores e visitantes de outras regiões e países. O pastor Anatoly Mukhin já havia sido multado anteriormente por supostas atividades missionárias ilegais, como a distribuição de literatura religiosa e a condução de cultos sem aviso prévio ao Estado.
A organização norte-americana International Christian Concern (ICC), que monitora casos de perseguição religiosa, explicou que uma igreja proibida judicialmente fica impedida de se reunir em qualquer local dentro do município, não apenas em seu endereço principal. “O motivo pelo qual essas igrejas optam por não se registrar reside em seu propósito fundamental”, afirmou a ICC em comunicado, de acordo com o The Christian Post.
“O Conselho de Igrejas Batistas foi criado durante a Guerra Fria para resistir ao controle soviético sobre suas congregações, ao contrário das igrejas registradas, rigidamente regulamentadas pelo Estado. Embora o Conselho tenha continuado suas atividades após a queda da União Soviética, seus cultos ocorrem apenas em residências particulares ou propriedades privadas”.
Com as novas decisões, o número total de igrejas batistas do Conselho proibidas de operar na Rússia chegou a dez, todas desde o início de 2024. A maior parte das ações judiciais ocorreu na região de Krasnodar, mas casos semelhantes foram registrados também em Mari El, Ulyanovsk, Amur e Yamalo-Nenets.









































