Na sexta-feira, 19 de setembro, manifestantes se reuniram em frente ao Parlamento do Reino Unido para protestar contra o projeto de lei “Terminally Ill Adults (End of Life) Bill”, que propõe legalizar o suicídio assistido para adultos em estado terminal.
A manifestação incluiu uma instalação visual com fileiras de sapatos vazios, simbolizando o número de vidas que, segundo os organizadores, poderiam ser perdidas anualmente caso a legislação seja aprovada.
O projeto de lei, apresentado pela parlamentar Kim Leadbeater, permitiria que pessoas diagnosticadas com seis meses ou menos de vida optassem pela morte medicamente assistida.
Um relatório de impacto oficial do governo estima que entre 164 e 647 pessoas poderiam morrer por suicídio assistido no primeiro ano de vigência da lei, com números aumentando nos anos subsequentes.
A própria Leadbeater mencionou que esses casos poderiam representar até 3% de todas as mortes anuais na Inglaterra e no País de Gales, o que equivaleria a aproximadamente 17 mil pessoas.
O protesto foi liderado por Storm Cecile, filha de Cecil Harper, que recebeu um diagnóstico de câncer terminal em 2019 com expectativa de dois a três anos de vida, mas que permanece vivo até a presente data.
Storm, que é cuidadora do pai, declarou: “A demonstração criativa é uma representação visual de todas as pessoas que perderemos a cada ano com a lei do suicídio assistido. Esperamos que isso humanize as pessoas que seriam afetadas”. Ela enfatizou que a sobrevida do pai desafia os pressupostos por trás da legislação.
Andrea Williams, diretora-executiva do grupo Christian Concern, um dos organizadores do ato, alertou que a lei poderia pressionar indivíduos vulneráveis a optarem pela morte prematuramente.
“Muitos pacientes superam as expectativas dos médicos, às vezes por anos. O suicídio assistido pode fazer com que pessoas percam tempo valioso com entes queridos ou até mesmo uma possível recuperação”, afirmou.
O relatório de impacto do governo também projetou que a legalização poderia resultar em economias de até £59,6 milhões anuais para o sistema público de saúde (NHS), devido à redução de custos com cuidados paliativos e tratamentos no final da vida. Essa projeção foi criticada por organizações cristãs e de defesa de direitos das pessoas com deficiência, que argumentam que isso poderia criar um incentivo financeiro perverso.
Especialistas legais questionaram a compatibilidade do projeto com as proteções existentes de direitos humanos.
O relatório governamental admitiu incertezas significativas em suas projeções, utilizando a palavra “incerto” 36 vezes em suas 149 páginas. As estimativas indicam que, dentro de uma década após a implementação, o número de mortes por suicídio assistido poderia variar entre 1.042 e 4.559 por ano. Com: The Christian Post.