Há 13 anos, a missão Voz dos Mártires (VOM) Coreia do Sul vem desafiando a repressão norte-coreana ao encontrar maneiras criativas e arriscadas de entregar a Palavra de Deus a quem vive sob o regime de Kim Jong-un.
Em um país onde possuir uma Bíblia pode significar prisão, tortura ou até pena de morte, a estratégia usada pela organização é surpreendente: balões cheios de gás hidrogênio transportam exemplares impressos e versões em áudio armazenadas em cartões de memória, cuidadosamente protegidos por plásticos.
Segundo a missão, cerca de 40 mil Bíblias cruzam a fronteira todos os anos. Para garantir que o material chegue ao destino, os balões contam com rastreamento por GPS, o que permite acompanhar sua rota até diferentes regiões da Coreia do Norte. “Podemos confiar que Deus está entregando essas Bíblias nas mãos daqueles a quem Ele pretende – às vezes até mesmo ao exército ou a funcionários do governo”, declarou a instituição.
O lançamento, no entanto, exige precisão. Os missionários calculam os ventos e, em muitos casos, realizam as operações durante a noite para reduzir riscos. A dificuldade é compreensível: a Coreia do Norte ocupa o primeiro lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025, elaborada pela Missão Portas Abertas, que aponta os 50 países mais perigosos para a vida cristã.
Apesar das ameaças, desertores do regime relatam que a repressão tem produzido efeito contrário. O interesse pelo “livro proibido” cresce cada vez mais. Hoje, aproximadamente 10% dos que fogem do país afirmam já ter visto uma Bíblia em solo norte-coreano — um índice muito superior ao registrado há dez anos. Muitos estariam, inclusive, dispostos a pagar caro por um exemplar.
Para os cristãos secretos que vivem escondidos sob vigilância constante, os balões que chegam do sul carregam mais que papel e tecnologia: representam um sopro de esperança, fé e resistência em meio à perseguição.
Folha Gospel com informações de Comunhão