O pastor Rodrigo Mocellin, líder da Igreja Resgatar, em Guaratinguetá (SP), e youtuber com mais de 650 mil inscritos, comentou a inclusão do pastor Silas Malafaia em um inquérito da Polícia Federal que apura a suposta “tentativa de golpe”.
Em vídeo publicado em seu canal no YouTube, Mocellin elogiou a postura do líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, destacando sua atuação pública diante do episódio.
“A posição do Malafaia é muito correta. Eu acho ele tão errado na teologia, mas é impressionante como vários pastores que eu considero que estão tão certos teologicamente, estão tão errados politicamente. Devem aprender com Malafaia”, afirmou Mocellin.
Reação
Segundo o pastor, a inclusão de Silas Malafaia no inquérito teria repercutido inicialmente na imprensa. “O Malafaia foi colocado nesse inquérito, recebeu a notícia, nem foi pela justiça, foi pela Globo News, ele diz ‘bem estranho isso’, não? E o que ele faz aqui? Ele fala ‘não tenho medo’. E aí ele fala, ‘ditador’ – o Moraes – ‘tem que ser impedido, preso’. Que coisa, não? Ele não é frouxo. Você pode falar o que você quiser dele. Frouxo esse cara não é”, declarou.
Mocellin também mencionou declarações do deputado Gustavo Gayer. Segundo ele, o parlamentar teria apontado Malafaia como liderança capaz de convocar manifestações após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro: “O deputado Gustavo Gayer diz que isso aqui está acontecendo porque o Bolsonaro está preso e agora quem pode convocar manifestação, por exemplo, manifestação no dia 7 de setembro? Quem pode? Era o Malafaia, porque é o Malafaia que tem convocado essas últimas manifestações”, relatou.
Crítica a pastores omissos
Em outro trecho, Mocellin fez críticas a líderes evangélicos que, em sua avaliação, evitam envolvimento político: “O quanto tem de pastor certinho que é frouxo. Teologicamente eu acho que ele [Malafaia] é tão errado, tão errado. Mas tão macho, né? Ô meu Deus, quem dera a gente tivesse uns pastores certinhos, mas bravos, mais corajosos. É isso que a gente precisa, porque ao longo, ao longo das últimas décadas, o que os cristãos fizeram? Arregaram. Mas, é óbvio, de maneira piedosa”, afirmou.
Ele ironizou posturas de líderes que evitam confrontos políticos. “‘Não nos envolvemos com política’. Ah, então entregamos aos lobos? Foi isso que a gente fez. Outra maneira piedosa de não confrontar, como os profetas confrontaram os líderes, os governantes e os juízes da época. Uma maneira de fugir dessa função profética do pastor, da igreja, dos cristãos; uma maneira piedosa, dizendo, ‘nós temos que amar e dar a outra face’. E pregaram uma espécie aí de pacifismo. Tudo em nome do amor. ‘Vamos deixar. Vamos engolindo tudo’”.
Comparação histórica
O pastor também recorreu a um exemplo histórico para justificar sua defesa da postura de enfrentamento. Mocellin citou o Acordo de Munique, firmado em setembro de 1938 entre o então primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain e Adolf Hitler.
“Deixe-me lembrá-los de que não se pode arregar para ditadores. Você se lembra do acordo de Munique? […] Setembro de 1938. Chamberlain, primeiro-ministro da Inglaterra, volta da Alemanha com um pedaço de papel – assinado por Hitler – que traria paz para o nosso tempo. Foi isso que ele disse. ‘Fizemos a paz com Hitler’. Isso ficou conhecido como o famigerado Acordo de Munique”, explicou.
Mocellin prosseguiu: “A Inglaterra, por meio desse frouxo, se submeteu às exigências de um cafajeste, do Adolf Hitler. A Alemanha nazista, sob Adolf Hitler, exigia a anexação da região dos Sudetos, parte da Tchecoslováquia, habitada por muitos de origem alemã, para evitar a guerra. Em nome da paz. Líderes europeus foram lá e se submeteram a um canalha. Fizeram acordo com um bandido. Então, em setembro de 1938, o Chamberlain acertou o acordo. O que o Churchill – que viria a ser primeiro-ministro da Inglaterra – disse? Entre a desonra e a guerra, vocês escolheram a desonra. Por isso terão a guerra. Ou seja, entre a desonra de aceitar as exigências de um cafajeste e a guerra, vocês escolheram a desonra. Vocês foram frouxos. […] Vocês foram humilhados e, pior, ainda vão ter a guerra. E, de fato, as profecias de Churchill se cumpriram. Menos de um ano depois, em março de 1939, Hitler invadiu a Tchecoslováquia. Em 1º de setembro, ele invadiu a Polônia e pronto. Começou a Segunda Guerra Mundial”.
Ao final de sua fala, Mocellin reforçou o elogio à postura de Silas Malafaia diante da investigação. “O Silas Malafaia deu um bom exemplo ao não arregar. Que Deus levante mais gente assim”, declarou.