O Réveillon organizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro passou a ser apurado pelo Ministério Público Federal (MPF), que abriu um inquérito civil para verificar se houve discriminação religiosa na programação da virada. A apuração foi instaurada após reclamações de adeptos de religiões de matriz africana sobre a concentração de atrações com conteúdo voltado ao público gospel na Praia do Leme, na Zona Sul.
A investigação foi formalizada pelo procurador Jaime Mitropoulos, que transformou um procedimento preparatório em inquérito e solicitou esclarecimentos à prefeitura. Entre os pontos cobrados estão os critérios adotados para a escolha dos artistas e a destinação de recursos públicos nos eventos de fim de ano.
O debate ganhou repercussão depois de declarações do babalaô Ivanir dos Santos em entrevista à coluna de Ancelmo Gois, do jornal O Globo. “A diversidade não pode ser apenas um discurso: ela exige práticas concretas de reconhecimento, representação e igualdade no uso do espaço público”, disse Ivanir.
No domingo, 28 de dezembro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) respondeu às críticas nas redes sociais. Ele afirmou ver preconceito nas reclamações e defendeu a presença de atrações gospel na festa. Na publicação, disse que o Réveillon de Copacabana reúne diferentes estilos e manifestações culturais e religiosas. “É impressionante o nível de preconceito dessa gente. O Réveillon da praia de Copacabana é de todos! A música gospel também pode ter seu lugar. Assim como o samba, o rock, o piseiro, o frevo, a música baiana, a MPB, a bossa nova…. Cada um que fique no ritmo que mais curte! O povo cristão também tem direito a celebrar! Amém! Axé! Shalom! Namaste”, declarou.
O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Advec), também se manifestou. Em postagem na plataforma X na segunda-feira, 29 de dezembro, ele afirmou que oferendas e cantores vinculados a religiões de matriz africana têm “protagonismo” em viradas de ano em praias do país e disse que as declarações de Ivanir expressam “preconceito religioso”.
“Você está reclamando de um palco gospel na virada do ano na Praia de Copacabana. Vou refrescar sua memória. Toda a orla, não só de Copacabana, mas de todas as praias, são tomadas para oferendas de cultos de matriz africana. Nos palcos principais, cantores vinculados a essas religiões têm o protagonismo. Você está mostrando o seu preconceito religioso. Quer aparecer? Pendura uma jaca ou melancia no pescoço!”, afirmou.
No inquérito, o MPF fixou o prazo de terça-feira, 21 de janeiro de 2026, para que a Prefeitura do Rio apresente informações detalhadas. A data coincide com o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Para o mesmo dia, está prevista uma reunião entre representantes do município e entidades como o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras e a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da OAB-RJ.
Os caras usam todas as encruzilhadas PÚBLICAS da cidade, usam praias e rios PÚBLICOS e querem reclamar de um palco? A intolerância religiosa contra os evangélicos é algo estrutural a ser vencido nesse Brasil!
— O Pastor Tóxico (@OPastorJack) December 29, 2025








































