Cristãos que abandonaram o islamismo em Bangladesh descrevem um cenário de perseguição cotidiana, com relatos de isolamento e expulsão do convívio familiar e comunitário após a conversão ao cristianismo. O caso de Mamun (pseudônimo), 56 anos, ilustra a gravidade da situação enfrentada pelos fiéis.
Segundo relato do próprio Mamun, sua família tomou seu terreno e os filhos o expulsaram de casa, deixando-o sem moradia e sem renda. Diante da falta de alternativas, ele passou a pedir alimento nas ruas. Mamun afirma ter conhecido o cristianismo em 2010, por meio da esposa, com quem passou a frequentar cultos e treinamentos; o casal atuava em diversos ministérios.
“Minha esposa era uma mulher de fé. Ela me incentivava a frequentar as atividades da igreja e me ajudava muito, mas morreu em decorrência de um câncer de mama em março de 2024”, disse.
Mamun relata que, após a conversão, pressões e ameaças vindas de familiares se tornaram frequentes. Mesmo assim, ele e a esposa permaneceram ativos na igreja. A ruptura se agravou com a expulsão: “Eles me avisaram: ‘Se você quiser ficar vivo, saia dessa vila, se não, você terá problemas. Nunca mais volte aqui’.”
Condição atual
De acordo com Mamun, ele vive em casa alugada, mas em condições precárias. Afirma que a saúde frágil o impede de conseguir trabalho e que atrasos no pagamento do aluguel motivaram o pedido do proprietário para a devolução do imóvel.
“Não consigo pagar as contas, então o dono da casa está me pedindo para devolvê-la. Eu não sei para onde ir. Muitas vezes passo dias sem comida, então vou às casas de outros cristãos que me convidam para almoçar.”
Um parceiro local da Portas Abertas informou ter levado o caso a líderes cristãos da região, que, no momento, dispõem de poucos recursos para auxílio.
“Assim que soubemos da situação de Mamun, oferecemos tratamento de saúde e alimentos, mas ainda não é o suficiente para resolver o problema porque ele precisa de uma fonte de renda”, relatou o parceiro. Segundo o depoimento, Mamun trabalhava como cozinheiro em restaurante, mas problemas de visão associados ao estado de saúde o afastaram da profissão.
O caso de Mamun, conforme descrito pelos envolvidos, evidencia vulnerabilidade socioeconômica e ruptura de laços familiares após a conversão religiosa, com impacto direto em moradia, alimentação e empregabilidade, alerta a Portas Abertas. Os relatos indicam a necessidade de apoio contínuo — assistencial e de geração de renda — para garantir subsistência e estabilidade enquanto a situação não se normaliza.