Uma mulher cristã de 20 anos denunciou ter sido estuprada e afirmou que sua mãe quase foi morta durante um ataque ocorrido em 15 de julho, em uma aldeia do distrito de Kondagaon, estado de Chhattisgarh. Segundo relato prestado à polícia, o crime teria sido motivado por perseguição religiosa e por uma disputa de direitos de propriedade envolvendo parentes da família.
De acordo com a vítima, o conflito começou quando ela, a irmã de 18 anos e a mãe trabalhavam no plantio de milho na manhã de 15 de julho. O tio, identificado como Chinta Naag, e seus três filhos — Mukesh Dugga, Suresh Dugga e Lokesh Dugga — teriam ordenado que elas parassem o cultivo, alegando direito sobre a terra. A mãe respondeu que a área pertencia ao marido falecido e que a família tinha direito de cultivá-la.
A discussão escalou. A vítima afirma que foi levada à força para a casa dos agressores e estuprada. A mãe sofreu agressões graves e desmaiou no local, segundo o relato. “Ninguém veio me resgatar, pois me arrastaram pelos cabelos e minha irmã ficou chorando perto do corpo da minha mãe”, disse a jovem. Ela contou que conseguiu fugir e correu com a irmã até a delegacia de Dhanora, onde registrou a ocorrência.
Pouco depois das 10h do mesmo dia, Mukesh Dugga chegou à delegacia, segundo a vítima. “Ele rapidamente admitiu que, como nos tornamos cristãos, eles não querem que tenhamos uma parte da propriedade do meu pai (…). Mukesh admitiu ter batido na minha mãe, mas negou que tenha me estuprado”, afirmou.
Estado de saúde
A polícia registrou o Primeiro Relatório de Informações nº 13 com base no Bharatiya Nyaya Sanhita (BNS), 2023, enquadrando os crimes como “sequestro”, “relação sexual ilícita”, “estupro coletivo”, “causar dano voluntariamente”, “intimidação criminosa”, “tentativa de homicídio” e “intenção comum”. Mukesh Dugga foi preso no dia do registro. No dia seguinte, segundo a vítima, Chinta Naag e os outros dois filhos também foram detidos.
Agentes foram à aldeia verificar o estado da mãe, encontrando-a inconsciente e apreendendo uma arma utilizada no ataque, conforme o FIR. A mulher ferida foi recusada inicialmente em um hospital local devido à gravidade dos ferimentos, sendo transferida para Kondagaon e, em seguida, para Raipur. Segundo a filha, os médicos informaram prognóstico reservado e realizaram várias cirurgias. “O corte da pá foi tão profundo que atingiu o fígado e o danificou”, disse a jovem. Mais de dois meses após o incidente, a mãe permanece acamada e dependente de cuidados.
A vítima relatou ainda que, por falta de médico disponível no dia do crime, a polícia orientou que retornasse no dia seguinte para o exame pericial. Uma carta policial datada de 29 de agosto instruiu a família a apresentar documentos de propriedade da terra na delegacia.
Segundo a família, a disputa pela terra se agravou após sua conversão ao cristianismo há seis anos. “Desde que começamos a frequentar a igreja, há seis anos, o irmão mais velho do meu pai e sua família começaram a nos perseguir de todas as maneiras possíveis”, disse a vítima ao Morning Star News. Ela afirma que os tios passaram a impedir o cultivo da área e que ameaças e hostilidades antecederam o ataque de 15 de julho.
Pedido de proteção
Em 06 de agosto, em Kondagaon, Narendra Bhavani, fundador do Chhattisgarh Yuva Manch e líder do Partido do Congresso Nacional Indiano, pediu providências em favor da família. Ele afirmou ao Morning Star News que “a disputa pela terra surgiu apenas por causa da fé cristã da família” e defendeu “compensação para a família, direitos incontestáveis de cultivar suas terras e segurança para as vítimas da administração distrital”.
A organização de apoio cristão Portas Abertas colocou a Índia na 11ª posição na Lista Mundial de Perseguição de 2025. Em 2013, o país estava na 31ª posição. Defensores da liberdade religiosa atribuem a piora do cenário à retórica hostil de setores ligados à Aliança Democrática Nacional, liderada pelo Bharatiya Janata Party (BJP), que, segundo eles, encoraja extremistas desde que Narendra Modi assumiu como primeiro-ministro em maio de 2014.
A filha informou que a família mudou-se por razões de segurança e segue em cuidados integrais com a mãe. “Graças às orações de muitas pessoas, minha mãe começou a comer”, declarou. A família frequenta uma igreja localizada a vários quilômetros da aldeia e afirma manter a fé cristã apesar das ameaças. “Nós nos recusamos a abandonar nossa fé, e agora eles chegaram ao ponto de atacar minha mãe, matá-la e me estuprar”, disse a jovem. “Embora sejam meus primos de primeiro grau, infelizmente, não me veem como irmã”.