Um estudo publicado em julho pelo Journal of Psychiatric Research indicou que mulheres que passaram por abortos induzidos enfrentam risco mais elevado de hospitalização por problemas de saúde mental quando comparadas às que levaram a gravidez até o fim. A pesquisa, intitulada “Aborto induzido e implicações para a saúde mental de longo prazo: um estudo de coorte de 1,2 milhão de gestações”, foi conduzida por pesquisadores do Centro de Pesquisa Hospitalar da Universidade de Montreal, da Universidade de Sherbrooke e da Universidade McGill.
Detalhes do estudo
O levantamento analisou 28.721 abortos induzidos e cerca de 1,22 milhão de nascimentos registrados em hospitais de Quebec, no Canadá, entre 2006 e 2022. As mulheres foram acompanhadas após a gravidez para verificar hospitalizações relacionadas à saúde mental e avaliar possíveis vínculos com o aborto.
Segundo os autores, “o aborto está associado a um risco aumentado de hospitalização relacionada à saúde mental a longo prazo, mas a associação enfraquece com o tempo”. O relatório destacou taxas mais altas de transtornos ligados ao uso de substâncias e tentativas de suicídio entre mulheres que fizeram aborto em comparação às demais. O risco se mostrou mais acentuado em pacientes com histórico prévio de doenças mentais ou com menos de 25 anos de idade.
Repercussão
David Reardon, diretor do Elliot Institute, organização pró-vida, afirmou em comunicado que o estudo reforça evidências já observadas: “Este é o mais recente de uma série de estudos baseados em registros que não sofrem de nenhum viés de autoseleção ou memória. Além disso, os autores controlaram totalmente o histórico de saúde mental das mulheres antes e depois dos abortos”, disse.
Ele acrescentou que “problemas anteriores de saúde mental aumentam claramente o risco de o aborto agravar uma crise psiquiátrica, mas também há riscos elevados para mulheres sem problemas anteriores”. Reardon ressaltou ainda que, embora seja difícil determinar se o aborto pode ser a única causa, é “ridículo afirmar que o aborto nunca contribui para problemas de saúde mental”.
Em 2023, a revista BMC Psychiatry publicou uma análise de 15 artigos que mostrou que, em média, 34,5% das mulheres no mundo que fizeram aborto relataram depressão. “Concluindo, observou-se que a ocorrência de depressão pós-aborto é generalizada em todo o mundo”, registrou o estudo.
De acordo com o The Christian Post, os pesquisadores recomendaram que profissionais de saúde priorizem o aconselhamento, o cuidado e o apoio emocional após o procedimento.