Imagens mostram cantor cercando viatura com mais de 17 pessoas e intimidando delegado e policial no Rio
Novas imagens de uma câmera de segurança revelam uma cena tensa e preocupante ocorrida no último domingo (21), na Zona Oeste do Rio de Janeiro: o rapper Oruam aparece cercando e ameaçando um delegado e um policial da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), ao lado de um grupo com pelo menos 17 pessoas. A gravação mostra o momento em que a equipe da Polícia Civil se aproximava da casa do artista para cumprir um mandado de busca e apreensão contra um menor de idade ligado ao cantor.
Nas imagens, os agentes fazem uma abordagem e revista a alguns amigos de Oruam que estavam na calçada. Em seguida, o clima muda. Oruam surge acompanhado por dezenas de comparsas e começa a intimidar os policiais, que tentavam deixar o local. O delegado Moisés Santana já estava dentro do carro quando o rapper se aproxima e bate repetidamente no vidro do motorista. Enquanto isso, o outro policial ainda está do lado de fora da viatura, que é descaracterizada.
A situação fica ainda mais tensa: Oruam e seus aliados pressionam os policiais de maneira agressiva, forçando o agente que estava na rua a entrar rapidamente no veículo. Com todos dentro, o delegado acelera para fugir da confusão, enquanto o grupo de Oruam comemora a “retirada” da polícia. O cantor chega a correr atrás do carro e, em seguida, retorna com os demais para dentro de casa.
A sequência das imagens ainda mostra o rapper descendo novamente a rua em outro momento, ao lado de alguns colegas, com carros passando na mesma direção. Informações apontam que, após o episódio, Oruam levou o menor procurado pela polícia até o Complexo da Penha, área dominada pelo Comando Vermelho. Ao chegar na comunidade, o grupo foi recebido com fogos de artifício.
Lá, Oruam fez questão de registrar um novo desafio às autoridades: provocou os policiais, xingou e os convidou a entrar na favela para prendê-lo.
O episódio escancara não só o nível de ousadia de algumas figuras públicas que se veem protegidas por fama e conexões, como também o desafio constante enfrentado pelas forças de segurança no combate ao crime organizado em territórios dominados pelo tráfico. Mais do que um ato isolado, o caso de Oruam levanta um alerta para os limites cada vez mais tênues entre o mundo do entretenimento e as estruturas criminosas que ainda ditam as regras em muitas regiões do Rio.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação