A Missão MAIS, que apoia a igreja perseguida, relatou que no sábado (08), mais de 100 cristãos foram mortos nas cidades sírias de Baneas e Tartus.
Em uma postagem no Instagram, a missão brasileira escreveu:
“Devido à instabilidade política na Síria, a perseguição contra nossos irmãos na fé tem se intensificado nos últimos meses. Recebemos algumas mensagens de um líder local na Síria que estamos acompanhando, dizendo que a situação é pior do que tem sido noticiado. Segundo eles, a atual situação é muito mais grave do que era há 10 anos.”
Centenas de pessoas, incluindo as minorias alauítas e cristãs, perderam a vida em um verdadeiro massacre na Síria, de acordo com informações do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) e fontes locais.
O total de mortes nos confrontos iniciados no fim da semana entre as forças de segurança e os apoiadores do ex-presidente Bashar al-Assad, somado aos assassinatos motivados por vingança, ultrapassou 1.000, segundo a OSDH, um grupo de monitoramento de guerra, conforme informou a Associated Press.
A comunidade cristã já havia diminuído durante a guerra civil de uma década na Síria. Os cristãos são vistos pelas facções islâmicas como politicamente e ideologicamente alinhados com o antigo regime e como obstáculos ao estabelecimento de um governo liderado por islamistas. Embora os relatórios sugiram que os cristãos também foram alvos da violência, não está claro quantos cristãos foram mortos.
As Igrejas sírias denunciaram no sábado (08) os “massacres de civis inocentes” e pediram o “fim imediato desses atos horríveis”.
Patriarcas das Igrejas Ortodoxa Grega, Ortodoxa Siríaca e Greco-Católica Melquita emitiram uma declaração conjunta condenando a violência.
“Casas foram violadas, sua santidade desconsiderada e propriedades saqueadas — cenas que refletem nitidamente o imenso sofrimento suportado pelo povo sírio”, diz a declaração conjunta. “As Igrejas Cristãs, embora condenem fortemente qualquer ato que ameace a paz civil, denunciam e condenam os massacres que visam civis inocentes e pedem o fim imediato desses atos horríveis, que estão em total oposição a todos os valores humanos e morais.”
“As Igrejas também pedem a rápida criação de condições propícias para alcançar a reconciliação nacional entre o povo sírio”, acrescentou. “Elas pedem esforços para estabelecer um ambiente que facilite a transição para um estado que respeite todos os seus cidadãos e estabeleça as bases para uma sociedade baseada na cidadania igualitária e na parceria genuína, livre da lógica de vingança e exclusão.”
Vídeos com imagens dos massacres estão sendo amplamente divulgados pelas redes sociais, mostrando o horror dos ataques contra comunidades alauítas e cristãs.
Os incidentes ocorreram após ataques de forças leais a Assad contra as forças de segurança na cidade costeira de Jableh. Em resposta, as autoridades iniciaram operações na região de Latakia, reduto da minoria alauíta, à qual Assad pertence.
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, condenou “terroristas islâmicos radicais” e expressou solidariedade às minorias religiosas e étnicas da Síria. Ele pediu ao governo interino que protegesse as minorias e os civis.
Enquanto isso, Israel culpou os novos governantes da Síria pelos massacres, acusando-os de perpetrar atos bárbaros contra civis.
As raízes da crise atual estão na frágil transição da Síria após a queda de Assad.
O governo interino de Sharaa, embora prometesse inclusão, tem lutado para afirmar o controle sobre várias facções armadas. Grupos jihadistas linha-dura e milícias irregulares operam com supervisão limitada, minando os esforços para centralizar a segurança e prevenir a violência.
Muitos temem que a incapacidade do governo interino de proteger as minorias leve a mais derramamento de sangue sectário.
Enquanto isso, a Rússia, que mantém presença militar na Síria, teria fornecido refúgio a civis deslocados, mas se absteve de intervir diretamente no conflito.
Folha Gospel com informações de Guia-me e The Christian Post