A sequência da animação Os Caras Malvados estreia nos cinemas em 14 de agosto, retomando a jornada de um grupo de antigos criminosos animais que, agora, tenta se adaptar a uma vida honesta e rotineira. A produção da DreamWorks volta a ser dirigida por Pierre Perifel, animador francês de 45 anos, que celebrou o retorno ao universo criado pelo autor australiano Aaron Blabey, destacando o tom pessoal e emocional da nova trama.
“Quando você dirige um filme pela primeira vez, e ele repercute no público e as pessoas adoram, e então você tem a oportunidade de exibi-lo novamente e fazer uma sequência, quero dizer, esta é uma oportunidade rara”, afirmou Perifel. “Sou muito grato por ter tido a chance de realmente fazer uma sequência para este filme.”
O longa conta novamente com as vozes de Sam Rockwell, Marc Maron, Craig Robinson, Anthony Ramos, Awkwafina e Zazie Beetz, e recebe reforços de peso com Danielle Brooks, Maria Bakalova e Natasha Lyonne. O enredo amplia a reflexão sobre mudanças reais de comportamento e a dificuldade de manter-se no caminho certo sem garantias imediatas de reconhecimento ou recompensa.
Um filme sobre mudança — mesmo sem aplausos
Desta vez, a luta interior do protagonista Sr. Wolf é o eixo narrativo central. Ao abandonar a vida de crimes, ele passa a questionar se vale a pena ser apenas mais um na multidão. A dúvida é alimentada por Kitty Kat, uma nova antagonista que confronta sua decisão com franqueza.
“Wolf é pego de surpresa por isso e, de repente, a ficha cai”, contou Perifel. “Talvez eu tenha feito a escolha errada.”
Segundo o diretor, essa inquietação reflete decisões da vida real. “Às vezes, você faz mudanças ou toma decisões na vida e então percebe… que isso não é confortável. Será que fiz a escolha certa?”, comentou. “Você tem que conviver com isso até se soltar e então começar a viver uma nova vida.”
Perifel reconhece que a recompensa pelo bem nem sempre vem em forma de aplausos. “Fazer o bem nem sempre é o que vai te render uma recompensa”, afirmou. “Contanto que suas intenções sejam as corretas… no fim das contas, como os bandidos estão fazendo, eles têm um bom motivo para fazer tudo o que estão fazendo.”
Um tema relevante para crianças e adultos
A franquia de Os Caras Malvados mantém uma das mensagens centrais das obras de Blabey: a possibilidade de redenção e a recusa de rótulos baseados apenas na aparência. A abordagem sobre integridade pessoal, mesmo quando não é conveniente, é um dos elementos que mais ressoam com o público familiar e religioso.
“É tão fácil estigmatizar uma ação ou comportamento sem dar a oportunidade de dizer à pessoa que o fez: ‘Olha, você pode consertar isso’”, explicou Perifel. “Claro, talvez seja um erro. Mas isso não define você.”
O diretor reforçou que o arrependimento pode ser o início de uma nova trajetória. “Nunca é tarde demais para mudar”, afirmou. “Você não precisa ouvir o barulho das pessoas que dizem que você é ruim. Sempre há um caminho onde você pode recuar e dizer: ‘Não, não sou eu. Essa ação não me define’.”
Novos vilões e espelhos do passado
A nova produção introduz três vilões: Destino, Kitty Kat e Pigtail. Segundo Perifel, esses personagens funcionam como reflexos invertidos dos protagonistas — o que os “caras malvados” poderiam ter sido caso tivessem persistido na criminalidade.
“Eles são o outro lado desse espelho”, disse o diretor. “Eles estão no caminho errado. Se você ouvisse esses personagens, você simplesmente voltaria a ser mau… Eles são tudo o que Wolf poderia ter sido.”
Kitty Kat, em particular, se destaca pela complexidade emocional. “Ela está literalmente onde o Lobo estava antes do primeiro filme”, afirmou Perifel. “Ela nem fez nada, e a professora disse que ela não pertencia ali, só por causa da sua aparência.”
A personagem é descrita como “uma criança ferida”, que reage à rotulação precoce com rebeldia. “Principalmente para crianças… você é rotulada sem nem fazer nada necessariamente ruim”, explicou Perifel. “Ela acabou sendo vítima dessa rotulação e se rebelou contra ela.”
Continuidade e emoção
O diretor destacou que um dos maiores prazeres da produção foi reunir novamente a maior parte da equipe criativa do primeiro filme. “Conseguimos reunir a maior parte da mesma equipe para fazer tudo de novo, todos juntos… é um sonho que se tornou realidade, sinceramente”, afirmou, em entrevista concedida ao The Christian Post.
Entre as cenas que mais o marcaram, Perifel destacou momentos calmos, como a conversa entre Wolf e Kitty Kat. Segundo ele, são esses instantes que revelam o coração do filme: “Você tem que conviver com o desconforto até se libertar e então começar a viver uma nova vida.”
Apesar das cenas de ação acelerada, visual vibrante e humor leve característicos da DreamWorks, Os Caras Malvados 2 apresenta um tom mais reflexivo, sem perder o apelo para todas as idades. Para Perifel, o projeto é mais que um entretenimento: “É uma alegria. É um prazer”, concluiu.