Arqueólogos identificaram cinco pães carbonizados datados entre os séculos VII e VIII no antigo sítio de Topraktepe (Eirenópolis), região montanhosa da província de Karaman, Turquia. Segundo comunicado dos estudiosos, a preservação do pão de ceia é rara e oferece uma amostra material das práticas alimentares e religiosas em comunidades rurais do Império Bizantino.
De acordo com a publicação, um dos pães traz a imagem de Cristo e uma inscrição em grego cuja tradução é “Com gratidão a Jesus Abençoado”. O texto informa que a iconografia difere da representação tradicional do Pantocrátor e descreve a figura como um “Cristo agricultor” ou “semeador”, ressaltando a ligação entre fé, trabalho e fertilidade do solo.
A nota destaca que “ao contrário da tradicional imagem do Pantocrátor, que retrata Cristo como governante e salvador, este pão representa um ‘Cristo agricultor’ ou ‘semeador’, simbolizando a conexão entre a fé, o trabalho e a fertilidade agrícola”.
A mesma matéria registra que os outros pães apresentam marcas em forma de cruz, o que sugere uso litúrgico em rituais cristãos primitivos, possivelmente como pão eucarístico ou de comunhão. O portal acrescenta que as inscrições em grego expressam gratidão, indicando o pão como objeto sagrado na adoração, empregado na Eucaristia na tradição ortodoxa.
Os pesquisadores afirmam que a preservação desses materiais é excepcional, pois pães eucarísticos daquele período raramente chegam ao presente. Segundo o comunicado, o conjunto permite examinar técnicas de cozedura, ingredientes e o simbolismo religioso em um contexto de aldeias bizantinas, onde a economia doméstica, a produção agrícola e o culto cristão se cruzavam de maneira rotineira.
Os achados, conforme especificado no artigo, ampliam o entendimento sobre o papel central do pão na alimentação e na economia da Anatólia antiga, além de sua função nos ritos cristãos. A publicação observa que o alimento cotidiano foi transformado em objeto de devoção, unindo sustento e espiritualidade. Para os autores do comunicado, o conjunto de Topraktepe constitui “uma rara evidência física das práticas litúrgicas do cristianismo primitivo na Anatólia provincial”.
Ao concluir, a nota define o material como testemunho do entrelaçamento entre fé, trabalho e vida comunitária nas províncias bizantinas, ressaltando que a combinação de iconografia, inscrições e marcas litúrgicas oferece um panorama direto das práticas religiosas locais.
Segundo o comunicado, esse quadro contribui para reconstruir hábitos de produção, consumo e culto em um período no qual a materialidade do rito e a subsistência agrícola eram dimensões indissociáveis, de acordo com o Sputnik Brasil.