O pastor Luke Ash, líder da Igreja Batista Stevendale em Baton Rouge, foi demitido em 10 de julho de seu cargo como técnico de biblioteca na Biblioteca Paroquial de East Baton Rouge, nos Estados Unidos. A demissão ocorreu após ele se recusar a utilizar pronome masculino ao se referir a uma colega de trabalho que se identifica como homem, alegando que tal atitude entraria em conflito com sua fé cristã.
Durante um encontro com outros pastores em 17 de julho, Ash declarou: “Minha intenção não era causar conflito, mas mentir sobre a criação de Deus — homem e mulher — seria negar a verdade das Escrituras”. Segundo ele, usar pronomes que não correspondem ao sexo biológico é incompatível com sua convicção religiosa.
O caso rapidamente ganhou repercussão estadual e atraiu a atenção de autoridades da Louisiana. O governador Jeff Landry se manifestou nas redes sociais: “Os habitantes de Louisiana jamais deveriam perder o emprego por se recusarem a mentir! A Louisiana é o mundo real, e no mundo real não existem pronomes preferenciais — apenas os biológicos!”.
A procuradora-geral do estado, Liz Murrill, também comentou no X: “Louisiana não é Nova York nem Califórnia. A lei estadual proíbe a discriminação com base na religião no local de trabalho, especialmente para funcionários públicos em uma biblioteca pública financiada pelos contribuintes. Em Louisiana, os cristãos têm direitos como todos os outros”.
A advogada Harmeet Dhillon, que atuou como procuradora-geral adjunta do Departamento de Justiça dos EUA para os Direitos Civis, reagiu com surpresa ao caso, classificando-o como preocupante.
O que aconteceu
Ash havia sido contratado há cerca de três meses como técnico na EBRPL. Segundo relatou em e-mail enviado em 10 de julho ao prefeito-presidente Sid Edwards, da cidade e paróquia de East Baton Rouge, o incidente que levou à sua demissão envolveu um pedido de um colega para que ele usasse pronomes masculinos ao se referir a uma nova estagiária. O pastor afirmou que não chegou a se dirigir diretamente à funcionária, tendo se limitado a conversar com o instrutor.
No dia seguinte, Ash relatou ter sido advertido por três colegas por não ter seguido a política de inclusão da biblioteca. Ainda segundo seu relato, foi informado de que a administração superior tomaria uma decisão sobre seu caso — decisão que resultou em seu desligamento no mesmo dia.
Em seu e-mail, Ash declarou: “Fui demitido hoje por me recusar a usar pronomes preferenciais”. Ele também afirmou que a biblioteca “não é um lugar acolhedor para um cristão ou alguém politicamente conservador trabalhar” e se ofereceu para conversar com as autoridades locais sobre o que chamou de práticas discriminatórias da instituição.
Reações de líderes religiosos
A demissão provocou reações imediatas de líderes cristãos da região. Durante um café da manhã com pastores realizado em 17 de julho, David L. Goza, presidente da Convenção Batista da Louisiana, e Lewis Richerson, pastor da Igreja Batista Woodlawn, organizaram uma carta de repúdio.
O documento classificava a decisão como “uma violação da liberdade religiosa”, “uma crise da Primeira Emenda” e “um precedente perigoso”. Os líderes pediram a reintegração de Ash ao cargo e a revisão das políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) da biblioteca.
Na noite do mesmo dia, um grupo de pastores compareceu à reunião do Conselho de Controle da EBRPL para entregar a carta. Richerson tentou falar durante o encontro, mas foi impedido sob a alegação de que o tema não constava da pauta. Ele contestou a decisão, afirmando que o assunto foi mencionado durante a discussão orçamentária, que estava na pauta da sessão.
“O dinheiro público não deve financiar coerção ideológica ou discriminação religiosa”, declarou Richerson. “A demissão de Ash não foi apenas desnecessária — foi errada”. O pastor também afirmou que, se o orçamento atual sustenta políticas que impedem cristãos fiéis de servirem ao público, então o próprio orçamento se torna parte do problema.
Citação bíblica
Ao concluir sua fala, Richerson citou o versículo de Isaías 5:20: “Ai daqueles que ao mal chamam bem e ao bem, mal”. Para ele, exigir que funcionários adotem pronomes que negam a distinção biológica entre homem e mulher representa uma rebelião contra a ordem criada por Deus.
“Ao exigir que os funcionários usem pronomes que rejeitam a ordem criada — masculino e feminino como feitos por Deus — a biblioteca não apenas agiu injustamente, mas também se rebelou contra a verdade do próprio Deus”, afirmou.
Até o momento, a administração da Biblioteca Paroquial de East Baton Rouge não emitiu nota oficial sobre o episódio, conforme informado pelo Baptist Press.