Sete meses após ter sido condenado a seis meses de prisão domiciliar por mentir a investigadores federais que apuravam casos de abuso sexual na Convenção Batista do Sul (SBC), o pastor Matthew Queen voltou a exercer o ministério pastoral no estado do Texas (EUA).
Queen agora integra a Equipe de Assistência Pastoral da Igreja Batista de Plymouth Park, em Irving, onde é identificado como pastor associado. A biografia disponível no site da congregação descreve: “O Dr. Matt Queen atua como nosso pastor associado. Ele é marido de Hope e pai de duas filhas. O Dr. Queen traz mais de três décadas de experiência em diversas funções e contextos como uma voz de destaque na evangelização”.
A igreja não respondeu aos pedidos de comentário sobre a integração do pastor à equipe, conforme informado pelo portal The Christian Post.
Em março de 2025, o juiz distrital Lewis Kaplan, do Tribunal Federal do Distrito Sul de Nova York, condenou Queen a seis meses de prisão domiciliar, com restrições de locomoção. O pastor só pôde deixar sua residência para tratamentos médicos pessoais ou de sua esposa, mediante autorização judicial, e foi obrigado a usar monitoramento eletrônico durante o período.
A sentença foi proferida após Queen admitir que mentiu a investigadores do Departamento de Justiça dos Estados Unidos durante uma investigação federal sobre a forma como entidades ligadas à SBC lidaram com denúncias de abuso sexual. Inicialmente, ele enfrentava pena máxima de cinco anos de prisão, mas recebeu pena reduzida após o tribunal considerar 59 cartas de apoio enviadas por familiares, amigos, ex-alunos e colegas de ministério, que destacaram seu “caráter moral” e relataram circunstâncias pessoais difíceis que o levaram ao erro.
Em carta datada de 2 de março, o advogado Sam A. Schmidt afirmou ao juiz Kaplan que seu cliente “reconhece que a Convenção Batista do Sul, incluindo o Seminário Teológico Batista do Sudoeste (SWBTS), tem um histórico de encobrir e minimizar alegações de abuso sexual”. Segundo Schmidt, Queen “sempre se opôs a tais encobrimentos e apoiou as vítimas”.
O advogado relatou ainda que, durante uma licença administrativa de seu trabalho anterior, na Igreja Batista Friendly Avenue, Queen e sua esposa acolheram o relato de uma mulher que disse ter sido vítima de abuso e a orientaram sobre a importância de denunciar o caso às autoridades.
As acusações contra Queen surgiram no contexto da investigação federal conduzida pelo Departamento de Justiça (DOJ) sobre “múltiplas entidades da SBC”, iniciada após um relatório da empresa Guidepost Solutions que apontou falhas na condução de denúncias de abuso e o tratamento inadequado de vítimas dentro da denominação.
Embora o DOJ tenha decidido não apresentar acusações contra a SBC como instituição, o órgão indiciou Queen, então professor de evangelismo e reitor no Seminário Teológico Batista do Sudoeste (SWBTS), por falsificar registros relacionados à investigação.
O caso teve origem em uma denúncia apresentada em novembro de 2022 envolvendo um aluno do Texas Baptist College, vinculado ao seminário. Segundo comunicado oficial do SWBTS, as autoridades da instituição colaboraram com a prisão do acusado. Um mês antes, em outubro de 2022, o DOJ havia expedido uma intimação de grande júri ao seminário, solicitando a entrega de documentos sobre todas as alegações de abuso sexual envolvendo qualquer pessoa associada à instituição.
Os investigadores concluíram que Queen “tentou interferir em uma investigação do grande júri federal criando notas falsas para corroborar suas próprias declarações inverídicas”. O pastor confessou-se culpado em outubro de 2024.
Após cumprir integralmente a pena domiciliar e retornar à vida pública, Queen reassumiu atividades ministeriais em Irving. Até o momento, a liderança da Igreja Batista de Plymouth Park não se pronunciou oficialmente sobre sua volta à função, de acordo com informações do The Christian Post.