Pastores comentaram o anúncio de sanção dos Estados Unidos contra o Brasil através da imposição de 50% de taxas às exportações brasileiras e cobraram a responsabilização de autoridades como o presidente Lula (PT) e o ministro Alexandre de Moraes. A medida tomada pelo presidente Donald Trump vem sendo chamada de “tarifa Moraes”, em referência ao ministro do STF.
Donald Trump enviou carta ao presidente brasileiro comunicando a adoção da medida como forma de expressar a reprovação dos EUA à perseguição imposta pelo Estado brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e também pelos ataques à liberdade de expressão por parte dos poderes Executivo e Judiciário.
“A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump em carta enviada a Lula.
Trump também destacou que os ataques a empresas como X, de Elon Musk, Meta, de Mark Zuckerberg, Rumble e Google, dentre outros, foi parte do pacote que resultou na decisão: “Devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 sobre o Brasil”, indicando que novas medidas podem ser tomadas.
Pastores
No Brasil, o pastor Renato Vargens comentou o caso apontando os responsáveis: “A sanha por vingança e destruição de Bolsonaro, além de um projeto político de poder está arrebentando o país. Até quando a nação suportará esse desgoverno? Até quando os grupos de interesse suportarão Janja, Lula e seus asseclas? Ademais, o governo brasileiro ao escolher Irã, Venezuela, e as ditaduras do mundo colocou o o povo de seu país a beira da desgraça”.
“Impeachment! Lula precisa sofrer impeachment!”, completou Vargens, escritor e pastor da Igreja Cristã da Aliança em Niterói (RJ), chamando o Congresso Nacional à ação.
Silas Malafaia, pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), afirmou que a reação da esquerda em culpar o ex-presidente pelas consequências das ações tomadas pelo governo e STF é uma “piada”.
“A piada! A culpa é de Bolsonaro. A incompetência de Lula que se junta com a escória dos governantes mundiais e entrega o Brasil aos comunistas chineses, somando a uma diplomacia medíocre e apoiando o ditador Alexandre de Moraes que pensa que os EUA é o Brasil que ele ameaça, prende, rasga a Constituição e as leis, persegue Bolsonaro, e pensa que não vai acontecer nada. É só o começou!”, previu Malafaia.
Perseguição política
O jornal Folha de S. Paulo procurou um assessor de alto escalão de Trump e ouviu, sob condição de anonimato, que o governo dos Estados Unidos está convicto que tanto o governo Lula quanto o STF estão atacando Bolsonaro de maneira conjunta e coordenada, e que as decisões tomadas por Alexandre de Moraes atingem a liberdade de expressão e, mais do que isso, subvertem a democracia para sustentar o impopular mandato de Lula.
Outro conselheiro de Trump, Steve Bannon, líder do movimento MAGA [Make America Great Again, Faça a América Grande Novamente], comentou a decisão afirmando que Moraes é “um dos maiores criminosos do mundo”.
“Envergonhou o Brasil no cenário mundial ao perseguir um dos grandes líderes do mundo, o ex-presidente Bolsonaro, em um tribunal claramente forjado. É ridículo”, afirmou Bannon, que revelou Trump “notificou Moraes” de que está dando prioridade ao assunto.
“Acho que deveriam arquivar o caso, retirar as acusações e deixar Bolsonaro ser elegível para a eleição contra Lula e garantir que seja uma eleição livre e justa e ver o que acontece. É bem simples para mim”, disse Bannon, sugerindo um caminho de maior facilidade para solução do caso.
A intenção de impedir Bolsonaro de disputar as eleições em 2026 pode provocar Trump a agir de maneira ainda mais agressiva, avaliou Bannon: “Eu não contrariaria o presidente Trump, particularmente quando se trata de algo como isso em lawfare [perseguição judicial]. Não acabou muito bem para o aiatolá [em referência ao líder do Irã, país que foi alvo de bombardeios dos EUA]”, diz, sem detalhar ações que o presidente poderia tomar.
Governadores
Romeu Zema (Novo-MG) reagiu ao anúncio de Trump responsabilizando as ações de Lula e STF: “As empresas e os trabalhadores brasileiros vão pagar, mais uma vez, a conta do Lula, da Janja e do STF. Ignorar a boa diplomacia, promover perseguições, censura e ainda fazer provocações baratas vai custar caro para Minas e para o Brasil”, disse o governador mineiro.
Já Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) lembrou da conduta simpática a regimes autoritários adotada pela esquerda: “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema”, publicou, no X.
Em meio a toda repercussão, o ex-presidente Jair Bolsonaro se limitou a citar um provérbio bíblico em publicação nas redes sociais: “Quando os justos governam, o povo se alegra. Mas quando os perversos estão no poder, o povo geme. Provérbios 29.2”.
– “Quando os justos governam, o povo se alegra. Mas quando os perversos estão no poder, o povo geme” – Provérbios 29:2
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 9, 2025