Mais de 350 alvos em oito estados, incluindo 42 na principal avenida financeira do país, revelam a infiltração do crime organizado na economia formal brasileira.
Na manhã desta quinta-feira (28), a Avenida Faria Lima, símbolo do poder econômico brasileiro, foi palco de uma operação que expôs a face mais obscura do crime organizado infiltrado no sistema financeiro nacional. A Operação Carbono Oculto, considerada a maior já realizada no país contra a lavagem de dinheiro e a sonegação fiscal, revelou um esquema bilionário envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e instituições financeiras.
Sob o comando de líderes como Mohamad Hussein Mourad, conhecido como “Primo”, e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, a organização criminosa utilizava fundos de investimentos, fintechs e empresas de fachada para ocultar bens e lavar dinheiro ilícito. A investigação identificou que o PCC geria pelo menos 40 fundos de investimentos, com um patrimônio estimado em R$ 30 bilhões, movimentando recursos provenientes de fraudes no setor de combustíveis. Entre 2020 e 2024, mais de R$ 10 bilhões em combustíveis foram importados ilegalmente, gerando R$ 8,67 bilhões em créditos tributários federais devidos.
O esquema criminoso envolvia cerca de mil postos de combustíveis que movimentaram R$ 52 bilhões, além de uma fintech que atuava como “banco paralelo”, movimentando sozinha R$ 46 bilhões não rastreáveis. Os recursos ilícitos eram reinvestidos em ativos como imóveis, usinas sucroalcooleiras, veículos e até mesmo uma residência de R$ 13 milhões em Trancoso, na Bahia.
A operação, que mobilizou cerca de 1.400 agentes, cumpriu mandados de busca e apreensão em 350 alvos em oito estados, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso. Além disso, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional bloqueou mais de R$ 1 bilhão em bens dos investigados, visando recuperar os tributos sonegados, estimados em R$ 7,6 bilhões.
O impacto desse esquema vai além dos números. Ele revela como o crime organizado conseguiu se infiltrar nas estruturas mais sólidas da economia, utilizando a fachada de empresas legítimas para ocultar suas atividades ilícitas. A operação não apenas desmantela uma rede criminosa, mas também envia uma mensagem clara: o sistema financeiro não pode ser um refúgio para atividades ilegais. É um alerta de que a vigilância deve ser constante e que a transparência é essencial para garantir a integridade da economia.
Enquanto as autoridades continuam a investigação, é fundamental refletirmos sobre a importância de fortalecer os mecanismos de controle e fiscalização, para que esquemas como esse não se repitam e a confiança da sociedade nas instituições seja preservada.
Para entender melhor os detalhes dessa operação histórica, confira o vídeo abaixo:
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/MPSP
Reportagem: CNN Brasil