A polícia ugandense neutralizou uma tentativa de atentado contra uma das maiores concentrações cristãs da África em 3 de junho, durante as comemorações do Dia dos Mártires de Uganda.
Dois homens-bomba foram mortos ao se aproximarem da Basílica de Munyonyo, em Kampala, em uma motocicleta, minutos antes de atingirem fiéis reunidos para orações matinais.
Os fatos
A Interceptação: Segundo relatório oficial, os suspeitos aceleravam em direção à multidão quando foram abatidos por forças de segurança. Uma explosão foi ouvida no local após a ação policial, causando pânico entre civis, mas sem vítimas adicionais.
Inteligência Preventiva: Autoridades confirmaram que monitoravam os indivíduos “há dias”, com base em informações sobre movimentação de extremistas. Especialistas em segurança atribuíram o plano às Forças Democráticas Aliadas (ADF), grupo rebelde sediado na República Democrática do Congo com ligações ao Estado Islâmico.
Evento Mantido: Apesar do alerta, a peregrinação seguiu normalmente, reunindo “dezenas de milhares” de fiéis, líderes religiosos e políticos.
Contexto histórico
A peregrinação anual homenageia 45 jovens ugandenses executados entre 1885 e 1887 por recusarem-se a renunciar ao cristianismo sob o reinado de Kabaka Mwanga II, do Reino de Buganda. Os mártires – pajens reais, cortesãos e funcionários públicos – foram queimados vivos no Santuário de Namugongo ou assassinados publicamente.
Uganda enfrenta onda de ataques desde 2020. Alguns dos principais incidentes de intolerância contra os cristãos incluem:
Massacre da Escola Lhubiriha (2023): 42 mortos, sendo 38 adolescentes.
Dados Globais: Pesquisas da Portas Abertas indicam que 90% dos cristãos assassinados por fé no mundo estão na África Subsaariana, com 16,2 milhões de cristãos deslocados por conflitos no continente.
Jo Newhouse (pseudônimo), analista da Portas Abertas na África Subsaariana, declarou: “O Dia dos Mártires é um dos testemunhos mais poderosos da unidade cristã na África […] Agradecemos ao Senhor por sua proteção sobre os que se reuniram em segurança”.
Líderes cristãos africanos lançaram a campanha “Desperta África”, buscando 1 milhão de assinaturas em petição para combater a violência anticristã e fortalecer a igreja na região.
As ADF operam desde os anos 1990 e foram designadas como organização terrorista pelos EUA em 2021. Segundo a ONU, o grupo é responsável por mais de 1.100 mortes civis no leste da RDC entre 2021 e 2024.