Um tribunal de apelação em Teerã, capital do Irã, manteve as sentenças de prisão impostas a cinco cristãos convertidos do islã, rejeitando os recursos e confirmando a acusação de “propaganda contrária à lei islâmica”. A decisão foi proferida em 30 de setembro pela 36ª Seção do Tribunal de Apelação de Teerã.
Os condenados — Hessamuddin Mohammad Junaidi, Abolfazl Ahmadzadeh-Khajani, Morteza Faghanpour-Saasi e outros dois cristãos não identificados — haviam sido sentenciados em julho de 2025.
De acordo com os registros do caso, todos foram detidos em junho de 2024 nas cidades de Varamin e Pishva, ao sul da capital, e levados à Prisão de Evin, unidade conhecida por custodiar presos políticos e religiosos. Segundo relatos, os detidos teriam sido pressionados a renunciar à fé cristã em troca de penas mais brandas. Um deles, Morteza Faghanpour-Saasi, teria sido submetido a tortura física durante interrogatório.
Cada réu recebeu pena de sete anos e meio de prisão por suposta “atividade de propaganda contrária à lei islâmica devido a conexões no exterior” e mais sete meses por “propaganda contra o sistema”. Além disso, Morteza foi condenado a 17 meses adicionais por alegadas ofensas ao Líder Supremo do Irã em redes sociais. Os cinco cristãos haviam sido libertados anteriormente mediante fiança equivalente a cerca de R$ 179 mil.
Os réus deverão comparecer novamente à Justiça em outubro para responder a nova acusação de “insultar valores sagrados do islã”. Segundo a documentação do processo, o caso estaria relacionado a uma reunião virtual via Zoom com a participação de um líder cristão iraniano que vive no exterior, durante a qual foram feitas declarações consideradas ofensivas pela República Islâmica.
A decisão do tribunal de apelação ocorre semanas após o Supremo Tribunal do Irã negar um novo julgamento a Mehran Shamloui, cristão convertido condenado a 10 anos de prisão por participar de uma igreja doméstica. O país ocupa a 9ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, da Missão Portas Abertas.
Organizações de direitos humanos afirmam que cristãos de língua farsi são frequentemente rotulados como “apóstatas” e inimigos do Estado, enfrentando acusações de ameaça à segurança nacional por exercerem sua fé. Segundo essas entidades, os casos citados ilustram um padrão de perseguição religiosa no contexto iraniano.