Uma nova ação judicial apresentada na última semana no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Leste de Kentucky, Divisão de Covington, alega que as plataformas Roblox e Discord foram negligentes ao não proteger uma adolescente de 13 anos, identificada como Audree Heine, que morreu por suicídio.
O processo foi movido por sua mãe, Jaimee Seitz, e acusa ambas as empresas de permitirem o funcionamento de comunidades on-line que expõem menores a conteúdos violentos e predatórios.
Segundo a denúncia, Audree foi influenciada por uma “comunidade online dedicada a glorificar a violência e a imitar notórios atiradores em massa”, grupo que prosperaria “graças à conduta extremamente ilícita dos réus”. O documento identifica essa comunidade como a True Crime Community (TCC), descrita como um espaço que “idolatra atiradores em massa e se sobrepõe a ideologias violentas e extremistas”.
O grupo, de acordo com o processo, reverencia os autores do massacre de 1999 na Columbine High School, no estado do Colorado, retratando-os como “párias incompreendidos” e incentivando comportamentos autodestrutivos e violentos.
O processo aponta o Roblox como um “local central” para a disseminação desse tipo de conteúdo, incluindo jogos que recriam tiroteios em massa do passado, e cita o Discord como plataforma usada para compartilhar instruções sobre a criação de simuladores de ataques em escolas e avatares que reproduzem a aparência de atiradores conhecidos.
“Por meio de suas declarações falsas e generalizadas sobre segurança, os réus apresentam seus aplicativos como locais apropriados para crianças brincarem”, afirma a petição. “Na realidade, e como os réus bem sabem, o design de seus aplicativos torna as crianças alvos fáceis para comportamentos predatórios”.
O texto alega que usuários adultos e mal-intencionados utilizam as plataformas para aliciar crianças vulneráveis à exploração sexual ou à violência. O processo também acusa as empresas de não adotarem sistemas adequados de verificação de idade nem implementarem mecanismos eficazes de segurança para menores.
A mãe da vítima é representada pelo escritório Anapol Weiss, com sede na Filadélfia (Pensilvânia), que já moveu 11 processos anteriores contra a Roblox por suposta negligência na proteção infantil.
“Não se trata de uma pequena falha de segurança, mas de uma empresa que fornece aos pedófilos ferramentas poderosas para atacar crianças inocentes e desavisadas”, declarou Alexandra Walsh, sócia do escritório. “O trauma resultante é horrível, desde o aliciamento à exploração e ao abuso sexual. Neste caso, uma criança perdeu a vida. Isto precisa parar”, acrescentou, de acordo com informações do portal The Christian Post.
A ação atual é o 12º processo do escritório contra plataformas de jogos online por alegada falha na proteção de menores. Segundo a Anapol Weiss, as ações apontam um “padrão de descaso corporativo com a segurança infantil”.
Críticas às plataformas
O Discord tem sido alvo de críticas por sua suposta ineficácia na proteção de crianças. O Centro Nacional de Exploração Sexual (NCOSE) inclui o aplicativo na lista “Dirty Dozen” há quatro anos consecutivos, que reúne empresas consideradas negligentes na prevenção da exploração sexual.
Em nota divulgada em março de 2024, a NCOSE afirmou que as medidas de segurança anunciadas pela plataforma “são meramente formais” e que “adultos e menores ainda compartilham as mesmas configurações padrão para conteúdo explícito”, o que permitiria o acesso de menores a pornografia e material sexualmente explícito em servidores públicos e mensagens privadas.
Em novembro de 2023, a Roblox Corporation anunciou novas políticas de segurança infantil, entre elas o controle remoto parental de contas, limites diários de uso, restrições de comunicação para menores de 13 anos e bloqueio de conteúdo gráfico. “Desde o dia do lançamento, temos uma crescente população de usuários jovens e queremos ajudá-los a permanecer seguros no Roblox. Levamos a segurança extremamente a sério”, afirmou a empresa em comunicado.
A Roblox acrescentou que seu objetivo é “tornar a plataforma on-line mais segura e civilizada possível, porque é o correto para as crianças, seus pais e responsáveis, nossos investidores e nossa empresa”.
			































    	






