Operação foi deflagrada durante reunião de criminosos para celebrar um ano da morte de Raonei Jander; suspeitos planejavam atentados contra rivais do Comando Vermelho
Sete integrantes de uma facção criminosa morreram após entrarem em confronto com a Polícia Militar de Rondônia, na tarde desta quarta-feira (2), durante uma operação deflagrada no bairro Cai N’Água, região central de Porto Velho. A ação foi desencadeada por equipes do Batalhão de Policiamento Tático de Ação e Reação (BPTAR), com base em informações de inteligência que apontavam para uma possível ofensiva contra integrantes de uma facção rival.
Segundo a Polícia, o grupo se encontrava reunido em uma residência no Beco do João para comemorar um ano da morte de Raonei Jander Barrozo Vieira, executado a tiros em 2 de julho de 2024 dentro de uma lanchonete da capital. Além da celebração, os criminosos planejavam atentados coordenados contra membros do Comando Vermelho, acirrando ainda mais a tensão entre facções que disputam o controle do tráfico em Rondônia.
As guarnições cercaram o imóvel por três frentes: lateral, frontal e retaguarda, tentando evitar confronto direto. No entanto, antes mesmo da conclusão do cerco, os criminosos perceberam a aproximação da polícia e abriram fogo contra os militares, desencadeando um intenso tiroteio. “Mais uma vez fica demonstrado que aqueles que tentarem se insurgir contra o Estado e contra a vida dos policiais terão essa agressão revidada e repelida à altura. O Estado é soberano, e aqui, facção nenhuma se cria”, declarou o comandante da operação, coronel Wilton Nascimento Amorim.
Oito homens foram baleados. Mesmo feridos, alguns ainda tentaram fugir por uma área de mata, disparando contra os policiais. Todos foram socorridos ao Hospital João Paulo II, mas sete não resistiram aos ferimentos. A Polícia identificou os mortos como Alisson Maciao Carvalho, Yago Henrique Almeida dos Santos, Paulo Ricardo de Souza Mesquita, Edson Ribeiro da Costa Silva, Leandro Ribeiro de Castro Ferreira, Antônio Ociolando Rodrigues de Menezes e Vinicius Gustavo Silva de Souza.
Entre os mortos estavam criminosos considerados de alta periculosidade. Um deles era o adolescente Alesson Marceal, conhecido como “Alys”, investigado por mais de 20 homicídios. Segundo a Polícia, ele havia deixado recentemente uma unidade socioeducativa e teria afirmado que voltaria a matar. Outro alvo da operação era um suspeito conhecido pelo apelido de “CR7”, com mandado de prisão em aberto.
Durante a varredura no local após o confronto, foram apreendidas oito armas de fogo de diversos calibres, grande quantidade de munições, dois tabletes de maconha e R$ 319 em dinheiro. Parte dos mortos usava tornozeleira eletrônica. “Eles não estavam ali para convívio social, mas para articular o crime e desafiar o poder público. Reagiram contra os policiais, e a resposta foi proporcional”, reforçou o coronel Amorim.
A operação contou com apoio do serviço de inteligência da corporação, que já monitorava o grupo após o aumento de crimes violentos registrados na semana anterior; entre eles, roubos e homicídios atribuídos à soltura recente de integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) na capital.
As forças de segurança seguem em diligência para localizar outros possíveis envolvidos que conseguiram fugir do cerco. A Polícia orienta a população a manter a calma e colaborar com informações que possam levar à prisão de suspeitos foragidos. Denúncias anônimas podem ser feitas pelo 190 ou 181.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/Rondoniagora