O pastor Silas Malafaia, fundador da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e também empresário no ramo editorial, enfrenta um passivo bilionário com a União e está sob investigação da Polícia Federal (PF). Levantamento da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) aponta que as dívidas tributárias somam R$ 17.029.589,22, sendo a maior parte vinculada à Editora Central Gospel Ltda., empresa criada por Malafaia e sua esposa, Elizete, há 26 anos.
A informação é do portal de notícias METRÓPOLES.
De acordo com os dados oficiais, a editora responde por R$ 16,98 milhões, sendo R$ 6,9 milhões em contribuições previdenciárias e R$ 10,1 milhões em outros tributos federais. Já a Igreja Assembleia de Deus, ligada ao pastor, aparece com um débito bem menor, de pouco mais de R$ 46 mil.
O aumento da dívida da Central Gospel impressiona: em 2021, a pendência era de R$ 1,8 milhão. Em apenas quatro anos, o valor cresceu quase dez vezes, representando uma alta de 843%. Paralelamente ao débito com a União, a empresa passou por recuperação judicial, homologada em 2019, para reestruturar outros R$ 15,6 milhões devidos a credores particulares, que vão desde microempreendedores até grandes bancos.
No radar da Polícia Federal
Além das dificuldades financeiras, Malafaia aparece em outra frente de pressão. No último dia 20 de agosto, a PF apreendeu o celular do pastor assim que ele desembarcou no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, após viagem a Lisboa.
A operação faz parte de uma investigação sobre possíveis tentativas de obstrução de Justiça e pressão sobre magistrados em processos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão que autorizou a busca foi assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a PF, Malafaia teria atuado em ações de “desinformação coordenada” e de “pressão política sobre integrantes do Judiciário”. O caso ainda está em andamento.
De acordo com o despacho de Moraes, a análise realizada em aparelhos pertencentes ao ex-presidente Jair Bolsonaro indicou que Malafaia “exerce papel de liderança nas ações planejadas pelo grupo investigado que tem por finalidade coagir os ministros do STF e outras autoridades brasileiras”. Segundo o ministro, tais condutas podem caracterizar tentativa de obstrução de Justiça e coação no curso do processo.
Entre as medidas impostas estão a proibição de sair do Brasil, o cancelamento de todos os passaportes — nacionais e estrangeiros — e a proibição de manter contato com outros investigados do núcleo ligado a Jair Bolsonaro, incluindo o deputado Eduardo Bolsonaro, atualmente nos Estados Unidos.
Malafaia minimizou a apreensão, afirmando que troca de aparelho com frequência e que não teme o que possa ser encontrado pela investigação.
O que dizem Malafaia e seus advogados
Procurado, Silas Malafaia reconheceu os valores cobrados. Sobre os tributos em atraso, afirmou que “seus advogados estão em processo de negociação para quitá-los”. Quanto às dívidas privadas, o pastor declarou que já vem cumprindo o plano de pagamento estabelecido pela recuperação judicial: “Sobre os outros credores, eu já estou pagando na recuperação judicial, que já foi concluída, já foi homologada. Já estou pagando há dois anos isso”, disse.
O advogado de Malafaia, Jorge Vacite Neto, também confirmou que os débitos vêm sendo tratados conforme a lei e que a intenção é quitar integralmente as pendências.
Vacite Neto também se manifestou sobre os débitos tributários e a recuperação judicial da editora. Em nota, declarou:
“A fim de evitar qualquer descumprimento das condutas legalmente previstas, informamos que os débitos fiscais encontram-se em processo de revisão interna, a fim de possibilitar sua regularização nos valores corretos.
Quanto ao processo de reestruturação econômico-financeira da empresa (recuperação judicial), considerando as informações públicas, esclarecemos que o mesmo foi encerrado (arquivado) com o integral cumprimento de todas as fases e obrigações por parte da Editora Central Gospel.
Esse cumprimento foi devidamente atestado pela ilustre magistrada que conduziu o processo, com a devida fiscalização do administrador judicial e também do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.”
Folha Gospel com informações de Metrópoles