Jovem de 15 anos dizia ter “controle emocional” sobre autor dos assassinatos e pretendia matar a própria mãe com arma do crime
A Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu que a adolescente de 15 anos apreendida em Água Boa (MT) teve envolvimento direto na premeditação do assassinato da família de seu namorado, um garoto de 14 anos, ocorrido em Itaperuna, no Noroeste Fluminense. Segundo as investigações, ela exercia forte controle emocional sobre o adolescente, que chegou a escrever que faria “tudo o que ela mandasse”.
O crime chocante, ocorrido no último dia 21 de junho, vitimou o pai, a mãe e o irmão mais novo do garoto. De acordo com o delegado Carlos Augusto Guimarães, responsável pela investigação, foram encontradas mensagens nas redes sociais que revelam detalhes do plano, incluindo quais armas usar, como ocultar os corpos e formas de apagar digitais. Uma das conversas indicava até a ideia de alimentar os corpos a porcos e de colocar a arma na mão do irmão mais novo para simular suicídio.
Apesar de inicialmente alegar que não queria que o irmão do namorado fosse morto, a adolescente seguiu incentivando o crime. Em um áudio, o menino diz: “matei meu pai”; e ela responde: “atira nela agora”, referindo-se à mãe. Após os assassinatos, ele enviou uma foto dos corpos, e a jovem, mesmo demonstrando “nojo”, continuou trocando mensagens amorosas com o namorado. Em uma delas, afirmou: “Nunca pensei que alguém faria isso por mim”.
A polícia também descobriu que os dois assistiam a vídeos de um jogo violento no YouTube, que simula irmãos cometendo assassinatos em série: conteúdo já banido na Austrália. Embora não jogassem, os adolescentes tratavam os familiares como personagens de videogame, demonstrando uma banalização da violência.
O plano da adolescente, segundo a polícia, não terminaria em Itaperuna: ela esperava que o garoto fosse até o Mato Grosso levando a arma utilizada nos crimes, para matar a própria mãe dela.
A jovem segue apreendida na delegacia de Água Boa, à disposição da Justiça. O namorado está internado no Centro de Socioeducação (Cense) em São Fidélis. Ambos devem responder por ato infracional análogo a homicídio triplamente qualificado. As investigações, que envolveram análise forense de dispositivos eletrônicos, apontam premeditação e influência psicológica grave como elementos centrais do caso.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação