Uma transmissão ao vivo registrou o momento em que homens armados identificados como jihadistas invadiram um culto na Igreja Apostólica de Cristo (CAC, na sigla em inglês), na cidade de Eruku, Estado de Kwara, na região central da Nigéria, e abriram fogo contra os fiéis.
O ataque ocorreu na manhã de terça-feira, 18 de novembro, e expôs, em tempo real, a vulnerabilidade de comunidades cristãs que, há anos, convivem com episódios de violência e sequestros.
O vídeo, gravado durante a celebração, mostra o interior silencioso da igreja instantes antes de homens encapuzados entrarem no templo e dispararem contra a congregação. A CAC integra uma das maiores denominações pentecostais do país, com forte presença em áreas rurais.
De acordo com autoridades de segurança locais, o ataque foi organizado por uma célula jihadista que atua no corredor entre os estados de Kwara, Kogi e Níger, uma rede flexível envolvida em sequestros, invasões de vilarejos e ataques a igrejas.
Embora nenhum grupo tenha reivindicado oficialmente a ação, investigadores apontam que o modo de operação é semelhante ao de ataques anteriores atribuídos a extremistas islâmicos que frequentemente sequestram, estupram e matam cristãos para exigir resgates ou vendê-los como escravos.
Fontes médicas e moradores de Eruku relataram que ao menos cinco fiéis foram mortos dentro ou nas proximidades do templo e mais de doze pessoas ficaram feridas, algumas em estado grave. Diversos membros da igreja teriam sido sequestrados e levados em direção à área de mata ao redor da cidade.
A testemunha Ejire-Adeyemi informou que Segun Ajala, vigilante local, sofreu ferimentos por disparo de arma de fogo e foi “levado às pressas para o Hospital ECWA, em Eruku, para tratamento médico”. Ela identificou dois dos mortos como Tunde Ajayi e um homem chamado apenas de Sr. Aderemi. Segundo a polícia, o corpo de Aderemi foi encontrado dentro da igreja, enquanto Ajayi foi localizado morto em área de vegetação.
Outras testemunhas relataram que os agressores chegaram em motocicletas, entraram atirando na igreja e recolheram telefones celulares e pertences pessoais antes de fugir, repetindo um padrão observado em outras ações extremistas na região.
Uma fonte ouvida pela imprensa local afirmou que “os terroristas voltaram à cidade por volta das 23h20”, informação que teria sido repassada por um viajante retido na estrada Ilorin–Egbe–Kabba. De acordo com o relato, o homem – identificado como irmão mais novo da fonte – retornava para Egbe, vindo de Ilorin, quando ocorreu o primeiro ataque à igreja, ficando parado na rodovia com outros viajantes e enviando uma mensagem exatamente às 23h20, horário em que os agressores teriam retornado.
Em nota citada pelo portal Premium Times, moradores questionaram como o ataque pôde ocorrer “sem serem incomodados”, apesar da existência de uma divisão policial em Eruku e de uma base militar próxima. Segundo as informações, a base está localizada em Egbe, a cerca de três quilômetros da cidade.
A polícia estadual de Kwara informou que iniciou uma operação de busca com equipes táticas, em parceria com caçadores vigilantes, para tentar localizar os sequestrados e capturar os responsáveis pelo ataque. Enquanto isso, familiares percorrem hospitais e postos de vigilância em busca de notícias sobre parentes desaparecidos.
Apesar da intensificação de ataques contra igrejas e vilarejos de maioria cristã, o governo nigeriano afirma que não há um genocídio em curso e sustenta que a violência decorre da ação de “bandidos armados”, não de perseguição religiosa sistemática. Essa interpretação é contestada por organizações internacionais de direitos humanos e por líderes cristãos locais, que apontam recorte religioso nas vítimas e nos alvos dos ataques.
O episódio em Eruku volta a chamar a atenção para a situação das comunidades cristãs na Nigéria, país que figura, em diversos rankings internacionais de perseguição religiosa, entre os contextos mais perigosos do mundo para quem professa a fé cristã.







































