O empresário Caito Maia, fundador da marca Chilli Beans, viralizou nas redes sociais no início de julho ao divulgar um vídeo gravado durante uma viagem à China. No registro, Maia mostra o funcionamento de um sistema de pagamento por biometria, que permite ao cidadão efetuar compras utilizando apenas a palma da mão ou o rosto, sem a necessidade de cartões, carteiras ou celular.
No Brasil, o vídeo gerou reações diversas, com comentários que associaram o uso da tecnologia a um suposto “cenário apocalíptico”. Já na China, esse tipo de recurso é amplamente empregado e faz parte da rotina de consumo em estabelecimentos comerciais, transportes e serviços públicos.
A tecnologia em questão foi desenvolvida pela empresa chinesa Tencent. O sistema usa sensores com câmeras infravermelhas capazes de captar padrões únicos de veias e impressões na palma da mão. De acordo com a Tencent, esse método é mais preciso do que o reconhecimento facial, tecnologia já implementada no país asiático desde 2019, conforme reportado pelo jornal britânico The Guardian.
Apesar de existirem especulações sobre pagamentos realizados por meio da leitura da íris, não há registros confirmados de que esse tipo de biometria esteja em uso atualmente na China.
Além dos avanços tecnológicos, especialistas e observadores internacionais destacam que essas ferramentas também estão integradas a um sistema mais amplo de monitoramento populacional. O aplicativo WeChat, por exemplo — desenvolvido pela própria Tencent — é uma das principais plataformas digitais no país e reúne múltiplas funções: troca de mensagens, pagamentos, reservas de hotéis, compra de passagens, redes sociais e atendimento de serviços diversos.
Na China, o acesso a redes sociais e aplicativos estrangeiros é severamente restrito. Plataformas como Facebook, Instagram, WhatsApp, Twitter (X), YouTube e Telegram são bloqueadas no país. O governo chinês mantém um rígido sistema de censura e controle da internet, com filtros automatizados e supervisão de conteúdos considerados sensíveis pelas autoridades.
O uso de reconhecimento facial e outros mecanismos de identificação biométrica integra um conjunto de políticas digitais adotadas pelo governo comunista chinês para reforçar o controle sobre a sociedade, especialmente em áreas urbanas.