Uma igreja em Montreal, Quebec, está contestando na Justiça uma multa de US$ 2.500 aplicada pelo governo municipal em julho, após receber o missionário ativista e líder de louvor Sean Feucht sem autorização oficial.
A Igreja Ministerios Restauración, uma congregação de língua espanhola localizada no bairro Plateau-Mont-Royal, declarou-se inocente da acusação de violar um estatuto municipal ao abrir suas portas para o evento depois que Montreal e outras cidades canadenses cancelaram paradas da turnê Revive in 25.
Segundo comunicado divulgado no início de setembro, os advogados da igreja, financiados pela organização The Democracy Fund (TDF), recorreram da penalidade tanto no tribunal municipal quanto no Tribunal Superior de Quebec. A defesa alega que a administração da cidade abusou de sua autoridade e violou a Carta Canadense de Direitos e Liberdades. O recurso pede a anulação da multa, o reconhecimento do direito da igreja de realizar cultos e orações musicais, além de US$ 10 mil em indenização por suposta violação de direitos constitucionais.
“Este é o primeiro passo para defender a Igreja e garantir que os cristãos no Canadá tenham os mesmos direitos de adorar livre e pacificamente como qualquer outra pessoa”, declarou Mark Joseph, diretor de litígios do TDF. Ele acrescentou que a defesa pretende argumentar que tanto a Carta de Direitos Humanos e Liberdades de Quebec quanto a Carta Canadense de Direitos e Liberdades asseguram essas garantias.
O governo municipal se recusou a comentar o caso, citando litígio em andamento. Na ocasião em que a multa foi aplicada, um porta-voz da prefeita Valerie Plante afirmou ao jornal National Post: “Este espetáculo contraria os valores de inclusão, solidariedade e respeito defendidos em Montreal. A liberdade de expressão é um dos nossos valores fundamentais, mas discursos de ódio e discriminação não são aceitáveis em Montreal”. Segundo a administração, a penalidade foi emitida porque a organização teria violado regulamentos ao prosseguir com o evento.
A aparição de Feucht na igreja foi interrompida por uma bomba de fumaça e contou com forte presença policial. Um manifestante de 38 anos foi preso no local sob acusação de obstrução. O episódio ocorreu em um contexto no qual oito cidades canadenses cancelaram paradas da turnê de Feucht, citando preocupações com segurança pública.
Sean Feucht, que recentemente participou de uma vigília em homenagem ao falecido ativista Charlie Kirk no Kennedy Center em Washington, DC, reagiu às medidas no Canadá.
“Aqui está a dura verdade: se eu tivesse aparecido com cabelo roxo e vestido, alegando ser mulher, o governo não teria dito nada. Mas professar publicamente crenças cristãs profundamente arraigadas é ser rotulado de extremista — e ter um evento de culto gratuito classificado como um risco à segurança pública”, disse em julho, de acordo com informações do The Christian Post.
Feucht ficou conhecido internacionalmente durante a pandemia de COVID-19 ao lançar o movimento Let Us Worship (“Vamos Adorar”), em protesto contra restrições impostas a igrejas nos Estados Unidos e no Canadá. O país atraiu atenção global durante o período, quando alguns pastores foram presos por realizar cultos em desobediência às ordens de lockdown em vigor.