Governadores de quatro estados no Norte da Nigéria ordenaram o fechamento das escolas durante o Ramadã. Foi a primeira suspensão desse tipo na história da Nigéria. Autoridades nos estados de Kano, Katsina, Bauchi e Kebbi anunciaram que todas as escolas ficariam fechadas, para todos os alunos, independentemente da identidade religiosa.
Sejam muçulmanos, cristãos ou de religiões tradicionais locais, os alunos não puderam ter cinco semanas de aprendizado por causa da tradição religiosa imposta pelo governo. A data de reabertura, 7 de abril, permitiu apenas duas semanas de preparação para os exames finais do semestre. A medida massiva levantou preocupações sobre a liberdade religiosa no país, especialmente quanto à educação para minorias, como cristãos.
O chefe da polícia moral Hisbah de Katsina insistiu que todas as escolas particulares, incluindo as cristãs, também seriam fechadas. “Isso estabelece um precedente perigoso”, observou Samson Adeyemi, porta-voz da Associação Nacional de Estudantes Nigerianos.
Fechamento compulsório das escolas
“Esta ação mina enormemente os princípios do Estado laico defendidos pela Constituição do país. A educação é um direito fundamental. O fechamento compulsório das escolas viola esse direito e a liberdade religiosa das minorias”, afirma John Samuel, especialista jurídico da Portas Abertas para a África Subsaariana.
O presidente da Associação Cristã da Nigéria (CAN) lembrou que dez milhões de crianças já estão fora da escola na Nigéria. “Essas pausas prolongadas correm o risco de aprofundar a crise, minando os esforços para garantir acesso à educação de qualidade para todos”, ele afirma. No entanto, nações muçulmanas, como a Arábia Saudita, mantêm as escolas abertas com horários especiais durante o Ramadã, enfatizou o presidente.
No passado, líderes do Norte tomaram decisões baseadas na religião para aumentar sua posição política localmente na Nigéria. Os governadores estaduais ainda não comentaram sobre o fechamento. Líderes cristãos agora estão pedindo ao governo federal que intervenha, para proteger os direitos dos estudantes à educação e à liberdade religiosa.
Um padrão perturbador de discriminação e radicalismo emergiu nas escolas no Norte da Nigéria nos últimos anos. Em 2017 e 2022, duas universidades públicas no estado de Katsina impuseram proibições totais ao culto cristão no campus, enquanto permitiam que grupos de estudantes muçulmanos continuassem suas atividades religiosas.
Em 2022, Deborah Yakubu, uma estudante cristã, foi acusada de blasfêmia e assassinada por colegas de classe enquanto estava na Faculdade Shehu Shagari, um lugar onde ela deveria ter sido protegida. Todos os incidentes mostram a violência contra seguidores de Jesus na África Subsaariana, que é esquecida pelos jornais e grandes mídias.
Fonte: Portas Abertas