Adriana Mijangos, natural do México, cresceu em um ambiente familiar onde a prática de rituais ligados ao ocultismo era parte da rotina. Em entrevista ao Huesos Secos Podcast, ela relatou ser a quarta geração de mulheres em sua família a se dedicar a formas de bruxaria, incluindo a Santeria – prática sincrética que combina elementos de religiões africanas, indígenas e simbolismos católicos.
“Tenho lembranças de muito pequena, com 4 anos, já estar exposta ao mundo espiritual. Eu via demônios no meu berço. Para mim, era normal os pratos se moverem em casa, as gavetas se abrirem sozinhas”, declarou Mijangos.
Sua iniciação formal no ocultismo começou na infância, com incentivo direto da mãe, que também praticava bruxaria. Aos seis anos de idade, ela já realizava leituras de cartas como parte de suas atividades.
“Ela me dizia: ‘Você tem uma estrela, você vê coisas, você tem um dom’”, relatou. Segundo Mijangos, essa exposição precoce tornou-se um refúgio para uma infância marcada pela ausência parental e por experiências traumáticas, incluindo um abuso.
Com o tempo, aprofundou seus conhecimentos em diversas tradições, incluindo bruxaria celta, bruxaria verde e bruxaria branca, sendo orientada por outras praticantes.
Já na idade adulta, a jovem foi formalmente consagrada na Santeria, realizando rituais e sacrifícios que, em suas palavras, envolviam pactos e trocas espirituais. “Há sempre uma troca, Satanás nunca lhe dará nada, sempre vai te cobrar algo. Entreguei a minha alma ao diabo”, afirmou.
Aos 20 anos, Adriana mantinha uma carreira lucrativa como vidente, atendendo até trinta pessoas por dia e realizando consultas a entidades para supostamente prever o futuro. No entanto, um evento sobrenatural mudou sua trajetória. Durante um ritual realizado às 5h da madrugada em sua casa, ela relatou ter tido uma visão intensa.
“A sala era cheia de quadros de santos nas paredes e aqueles rostos começaram a derreter, como se eu estivesse em um filme de fantasia. Eu vi a verdadeira face do que eu estava adorando e eles eram demônios. A perversidade do que estava por trás disso eu senti fisicamente”, descreveu. “Naquele momento eu vi Jesus em um cavalo branco, vestido de branco. Eu nunca senti tanto amor, tanta paz.”
Imediatamente após a experiência, Mijangos decidiu abandonar todas as práticas ocultistas após dezesseis anos de envolvimento ativo. Ela descartou seus objetos ritualísticos e iniciou um processo de conversão religiosa ao cristianismo.
“O Pai Celeste formou minha identidade com tanto amor e com tanta paciência e tirou essa sensação de se sentir suja e má. Ele destruiu tudo o que Satanás tinha feito em mim”, testemunhou.
Atualmente, Adriana utiliza suas redes sociais para alertar sobre os perigos do ocultismo, compartilhando sua experiência pessoal como forma de conscientização. Seu relato insere-se em um contexto mais amplo de debates sobre espiritualidade, práticas tradicionais e conversão religiosa na América Latina.