Operação da Polícia Civil de Rondônia volta os holofotes para o enfrentamento à tortura, aos sequestros e às execuções que silenciaram comunidades vulneráveis
Quando o silêncio de uma rua escurece e o medo se torna rotina, é o coração da comunidade que bate mais fraco. No sul de Rondônia, famílias viveram sob o domínio de um terror velado: sequestros, torturas, execuções; todos perpetrados por uma facção que se entranhou na vida de pessoas que só queriam viver com dignidade. A ação deflagrada pela Polícia Civil partiu desse cenário: de dor, de angústia, para reacender a esperança de que o crime organizado não será impune.
A operação e suas ramificações
Na última sexta-feira, a Polícia Civil deflagrou a operação batizada de Operação Império da Lei, que cumpriu 10 mandados de prisão preventiva, 1 de apreensão de menor infrator e 9 de busca e apreensão em residências, desarticulando uma facção criminosa que impunha seu domínio na faixa de fronteira entre Nova Mamoré e Guajará‑Mirim. No total, foram 12 presos; todos sob suspeita de tráfico de drogas, homicídios qualificados, torturas e uso da violência para manter controle territorial.
De armas a dinheiro em espécie e celulares apreendidos, as provas indicam uma engrenagem criminosa bem articulada, com ramificações que alcançam além da execução de atos brutais: há suposto envolvimento em sabotagem de serviços de comunicação para amedrontar moradores.
Impacto sobre a comunidade
Para quem mora na região, não eram só números ou manchetes: era a sensação de que sair de casa podia significar tornar-se alvo. A violência praticada por essa facção exibia brutalidade explícita: execuções sumárias, tortura como instrumento de terror, silêncio forçado. Esse tipo de atuação mina a confiança social, a sensação de proteção, o direito de dormir sem medo. Investigadores relatam uso da violência como “ferramenta de domínio”.
Mais do que repressão, era necessário acolhimento, dar às vítimas a certeza de que não estavam sozinhas, e mostrar à sociedade que leis existem para proteger, não apenas punir.
Desafios que permanecem
Ainda que esta operação seja um marco, a facção foi enfraquecida: há um caminho longo para reconstruir o tecido social afetado. É preciso garantir que a apreensão de provas se converta em condenações, que a justiça seja feita e que o Estado permaneça vigilante.
A atuação nas áreas de fronteira exige logística, inteligência, apoio interinstitucional. Também é necessário envolver a comunidade para que não haja recuo nem silêncio. Se a violência impunha medo, agora a certeza da ação policial traz a possibilidade da retomada da paz.
Reflexão para além da operação
Quando um Estado decide não virar as costas para a dor que brota nas periferias e zona de fronteira, ele reafirma seu compromisso com cada cidadão: com seus medos, seus sonhos, sua vida. Hoje, aquela rua silenciada começa a ter voz outra vez. Que essa voz ecoe e preencha o vazio deixado pelo medo, que os olhares voltem a cruzar-se sem receio e que cada passo fora de casa seja dado com a leveza da liberdade. Porque a verdadeira vitória vai além das grades fechadas: é o retorno da paz ao coração do povo.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/PC RO









































