Durante a 14ª Assembleia Geral da Aliança Evangélica Mundial (WEA), realizada em Seul, Coreia do Sul, o evangelista e teólogo indonésio Rev. Dr. Stephen Tong fez um pronunciamento contundente sobre a necessidade de santidade no ministério pastoral e fidelidade à mensagem do Evangelho.
Aos 85 anos, Tong — fundador da Igreja Evangélica Reformada da Indonésia — exortou líderes cristãos de todo o mundo a refletirem sobre a coerência entre sua vida pessoal e seu chamado espiritual.
“Que vergonha”
Em um discurso firme, o evangelista lamentou o comportamento de líderes religiosos que, segundo ele, vivem em contradição com os princípios que pregam: “Tenho visto muitos pastores que cometem pecados, mas vão até o altar toda semana e pregam. Que vergonha para esses tipos de servos de Deus”, declarou.
Ele criticou especialmente o que chamou de hipocrisia ministerial, afirmando que alguns líderes vivem em pecado durante a semana e sobem ao púlpito aos domingos como se nada tivesse acontecido. “Esse é o tipo de cristão trapaceiro, o tipo de líder hipócrita da igreja”, disse.
Chamado à santidade
Tong destacou que ninguém — nem mesmo os pastores — pode entrar no Reino de Deus sem arrependimento verdadeiro. “Você é santo? Sua vida é uma vida santa? Sua mente, sua boca, suas mãos e seus pés são santos? Se você puder manter tudo santo, então poderá ser um servo de Deus”, afirmou.
O evangelista recordou que a santidade é o fundamento do serviço cristão e que a autoridade espiritual não pode existir sem integridade moral. “Não é possível proclamar o Evangelho com credibilidade enquanto se vive em contradição com ele”, enfatizou.
“Não entenderam Jesus”
Em seguida, Tong voltou-se aos cristãos em geral, lamentando que muitos frequentem igrejas há anos sem compreender o tema central do ensino de Cristo. “Muitos cristãos, depois de anos frequentando o culto dominical, não sabem qual é o tema principal da Palavra de Deus”, observou.
Segundo ele, a mensagem principal da pregação de Jesus foi o Reino de Deus, mas muitos ainda interpretam o Evangelho de forma restrita ou nacionalista. “Os próprios discípulos pensaram que Jesus vinha restaurar o Reino de Israel, mas Ele falava de algo maior — o Reino eterno de Deus”, explicou.
A Igreja na Coreia
Dirigindo-se à Igreja coreana, anfitriã da assembleia, Tong advertiu que muitos cristãos no país têm se concentrado mais em questões políticas e nacionais do que na vontade de Deus. “Eles só pensam no destino da Coreia do Sul, e não na vontade do Senhor. Acredito que Jesus ficou muito decepcionado porque Seu público nunca o entendeu”, afirmou.
A assembleia da WEA, que reúne delegados de mais de 800 igrejas e organizações evangélicas de 124 países, acontece a cada seis anos e busca promover unidade, cooperação missionária e fortalecimento do discipulado cristão.
O evento será encerrado com a Declaração de Seul, documento teológico redigido por estudiosos de diferentes nações, que segundo a organização, reafirma a ortodoxia cristã com uma perspectiva asiática.
Além de Tong, outros palestrantes destacaram os desafios contemporâneos enfrentados pela Igreja global. O pesquisador Jason Mandryk, da Operation World, abordou o impacto dos escândalos recentes sobre o testemunho cristão e o rápido crescimento do Evangelho em regiões do hemisfério sul, especialmente na África, onde muitos líderes ainda carecem de formação teológica adequada.
Na noite anterior, o pastor Rick Warren também havia exortado os participantes a seguirem o modelo de ministério de Jesus. “Se aprendermos não apenas a mensagem, mas também o método de Jesus, ganharemos o mundo nos próximos oito anos”, afirmou.
Com discursos marcados por apelos à santidade, unidade e fidelidade bíblica, a assembleia reafirmou o propósito de preparar a Igreja global para o desafio de levar “o Evangelho para todos até 2033”, o 2.000º aniversário da ressurreição de Cristo.









































